Profecias de bruxa inglesa Mãe Shipton

Ao refletirmos sobre profecias, é impossível não mencionar figuras históricas como Nostradamus, cujo legado é amplamente reconhecido. No entanto, menos conhecida, mas também intrigante, é Ursula Southeil, mais conhecida como Mãe Shipton. Nascida por volta de 1488 em uma caverna em Knaresborough, Inglaterra, sua vida e premonições fornecem um vislumbre fascinante de como as profecias se cumprem e só depois podem ser entendidas.

Mãe Shipton, considerada uma bruxa por muitos de seus contemporâneos, não tinha a educação formal nem a fama de Nostradamus. No entanto, suas previsões, publicadas postumamente em 1641, demonstram um conhecimento profundo e assustadoramente preciso de eventos futuros. Uma de suas profecias mais notáveis refere-se à dissolução da Igreja Católica sob o reinado de Henrique VIII. Este evento histórico, conhecido como a Reforma Inglesa, marcou uma ruptura significativa com a Igreja de Roma e alterou para sempre o curso da história inglesa e europeia.

Suas previsões continuaram a se mostrar pertinentes ao longo dos séculos. Um dos seus versos mais famosos menciona: “Uma carruagem sem cavalo virá, o desastre enche o mundo de aflição”. Este poderia ser um prenúncio da invenção do automóvel e os subsequentes acidentes automobilísticos que se tornaram uma realidade comum.

Outra predição interessante de Mãe Shipton descreve: “As mulheres adotarão uma mania de se vestirem como homens e calças vestem e cortam todas as madeixas de cabelo”. Este verso antecipa as mudanças sociais do século XX, especialmente a Revolução Industrial e os movimentos feministas, que viram as mulheres adotarem roupas mais práticas e exercerem maior igualdade de gênero.

Mãe Shipton também visualizou avanços tecnológicos que transformaram a humanidade: “Através de colinas imponentes homens orgulhosos devem montar, nenhum cavalo ou cauda se move ao seu lado. Sob a água, os homens devem andar, devem passear, devem dormir, devem até mesmo falar”. Isso claramente antecipa a invenção dos carros, submarinos e comunicação subaquática, revoluções tecnológicas que definem nossa era contemporânea.

Uma das previsões mais impressionantes de Mãe Shipton descreve: “Quando as imagens parecem vivas com movimentos livres, quando barcos como peixes nadam sob o mar. Quando homens como pássaros vasculharão o céu”. Este é um retrato fiel das invenções do cinema, dos submarinos e da aviação.

Além de prever inovações tecnológicas, Mãe Shipton também previu eventos sociais e políticos. Ela escreveu sobre um futuro onde “o amor morrerá e o casamento cessará”, um possível reflexo das mudanças nas estruturas familiares modernas e nas taxas de casamento em declínio.

Seus versos também tocaram em questões de conflitos e guerras, como: “O rei deve falsa promessa fazer; E fala só por falar. E as nações planejam uma guerra horrível; Como nunca visto antes”, uma descrição assustadoramente precisa dos líderes políticos que levaram o mundo às Guerras Mundiais do século XX. Sabemos qual o rei da falsa promessa.

Ao analisarmos estas profecias à luz dos eventos históricos que se desenrolaram séculos após a morte de Mãe Shipton, percebemos como as previsões frequentemente só são compreendidas após sua realização. Através de suas palavras, vemos uma linha tênue entre o misticismo e a realidade, onde as premonições de uma “bruxa” medieval encontraram eco em eventos que moldaram o mundo moderno.

Mãe Shipton pode não ter tido a notoriedade de Nostradamus, mas suas profecias oferecem uma janela única para entender como o passado antecipa o futuro, demonstrando que muitas vezes, só depois que os eventos se desenrolam, conseguimos realmente entender a profundidade e a precisão das premonições que pareciam obscuras e enigmáticas em sua época.