300 artefatos são achados em obra do metrô de SP

Dudu Souza Agosto 19, 2022 2 min read

Mais de 300 itens históricos, como louças, cerâmicas, vidros e solas de sapato foram identificados

Os objetos estavam numa obra da futura Estação 14 Bis, da Linha 6-Laranja, do metrô de São Paulo.

Acredita-se que parte dos artefatos são do início do século 20, quando o Quilombo Saracura residia na cidade de São Paulo, às margens do córrego de mesmo nome, nos primórdios do bairro do Bixiga. O relatório posiciona:

A profundidade dos vestígios parece aproximá-los dos períodos em que o Córrego Saracura ainda corria a céu aberto e aquilombados viviam à sua margem. Caso isto seja comprovado na escavação arqueológica planejada, esses materiais certamente serão remanescentes do Quilombo Saracura, cuja localização é historicamente comprovada.

Os conjuntos materiais coletados representam um acervo diversificado em termos de materialidade e funcionalidade, mas que estão intimamente relacionados ao cotidiano das pessoas, agregando utensílios domésticos, medicamentos, restos de produção artesanal, equipamentos de trabalho e restos alimentares.

A declaração foi direcionada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pela A Lasca Arqueologia.

A lista cita 316 itens encontrados sem contar os achados nas atividades de monitoramento e em poços-testes pontuais.

Escavações

Uma prospecção arqueológica mais expandida irá começar em setembro ou outubro, após obras de estruturas subterrâneas asseguram trabalhos de até três metros de profundidade. O começo das escavações foi autorizado pelo Iphan e interrompeu parte da obra.

Classificações

Os artefatos têm duas categorias: os de grande interesse arqueológico, porque estão em maior quantidade, com mais de 300 fragmentos, concentração e profundidade.

E a outra são os objetos coletados de forma superficial e isolada, nas camadas de aterramento da área. Assim é difícil constatar a sua origem. O relatório afirma:

Interpreta-se que estes objetos tenham sido descartados em lixeiras próximas às antigas residências do quilombo, em um período em que a sua formação original já tivesse vivenciado modificações, com a ocupação se espalhando além do fundo de vale para as vertentes do córrego Saracura; assim, crescia a população do bairro, em muito formada pelos descendentes dos aquilombados.

Coletivos do movimento negro, moradores do bairro, sambistas da tradicional escola de samba Vai-Vai, pesquisadores e outros ativistas, se alinharam pela preservação do sítio e pedem para que o nome da estação “Saracura Vai-Vai”.

A intenção é fazer referência a história negra do Bixiga e do Vai-Vai, que teve a quadra cinquentenária demolida para implantação da linha de metrô. Cartazes na cidade clamam: