Adão assiste cada passo do erro de Eva, e a usa de escudo para atrever-se a saciar sua curiosidade? Afinal, havia sido aquela emoção feminina a primeira a conectar-se com o que ele jamais havia sequer pensado. E se fosse um plano de Deus? Adão fracassou ao permitir a suposta traição ao Criador ou sucedeu ao confiar em sua Criação supostamente falha?
Quão ciente de tudo isso estava ele?
O propósito da Luz é manter-se no Movimento que a destaca do doloroso Nada. Ser Luz é poder clarear, o que significa sempre ter algo em oculto. Isso é inerente à Vida.
O Objetivo é a manutenção das perguntas, e não da resposta; esta última, é em verdade, aquilo do que mais fugimos… eis aqui a Sabedoria que se leva a Eternidade para entender.
Capítulo 1
A Resposta é quem pergunta
Quem és tu?
– ‘Quem sou?!’ – Se defino o que sabes, sou tudo o que vês.
– Quem es tu que chama a Mulher?
– Quem es tu que pensa poder conter tal Resposta?
– Sou a Imagem que vive à semelhança de Deus.
– E não sabe Deus sobre tudo?
– Semelhante não é igual.
– E a diferença é tua ignorância…?
– Sou aluno que aprende e Ele Mestre que ensina, sou rio que flui e Ele Mar que guia.
– E não te guiaste, Ele, para longe de mim?
– E não guiou também a ti para me atrair?
– Então guiou a ela para lhe trair?
– E não me guiou para impedir?
– Então Ele brinca de assistir?
– Ou de nos deixar decidir…?
– Ele só lhe guia, então, de volta p’ra ti?
– Ou, quem sabe, de volta p’ra Si?
– E quem é que quer ir?
– Não vejo ninguém mais aqui…
– O que é ver p’ra ti, senão sentir? E o que sentes tu, senão o que ensinaram a ti?
A dúvida lhe faz fluir, assim queres acordar depois de dormir
e buscas percorrer cada caminho que não podes ir…
Procurando quem procura, já não estas mais ali…
nunca encontras quem só chega depois de sair.
Tudo o que entendes já é parte de ti
e não vês de fora do que sempre esteve ali…
– Dizes que Deus me ilude para ter p’ra onde ir?
– Digo que Ele vai, para que tu possas se iludir…
– Por que iria eu querer confusão e agonia ao invés da Verdade que me alivia?
– É Ele quem lhe alivia, na dúvida em que mergulhas em busca de resposta;
Já que a Verdade só pode ter valor depois que vai embora…
Como tens tu o Verbo? Como podes tu dialogar?
Não percebes que é completo, pois ainda não te vistes fragmentar…
Deus se chama Tudo, e o Nada quer lhe perguntar.
Quem duvida é o Escuro que faz de toda resposta entulho só p’ra reaprender a amar
Pois é só a Ausência, afinal, quem chama de Luz O retornar…
Deus quando se monta, se perde e se reencontra, só p’ra poder se perguntar
Assim sentes que é completo, forte e pronto p’ra desafiar.
Mas é só um recomeço, assistido por quem há muito tempo, já passou por lá.
Adão é Criado Ser Vivente
A existência é só constatada depois de existir
Quem é que conhece o Caminho antes de ir?
E se a Chegada não vier da Partida mas apenas a deixa vir?
O Zero só existe, se o Um permitir
Juntos são Dois, com o Terceiro a assistir
E quem assiste insiste sempre em sorrir
Foca na Luz e deixa o Escuro sumir
Quem vai p’ro brilho, porém, leva a sombra sobre si
Pergunta e resposta é só síntese de quem se nota
Necessidade de sair de si, ser mais e ver do que se gosta
Mas o querer é passageiro e manter-se querendo é a aposta
Por trás de tudo o que se quer, é o alívio do Movimento que se precisa
Pois o parado estagna no Nada vazio solitário que agoniza
Quando a percepção se percebe acaba de chegar da Escuridão que entorpece
Cabana trevosa que cega mais protege, te esfria mas aquece, com a Luz que enaltece
É ali que o Ser percebe que quer o que sempre foi
Ser alívio agora, e deixar a dor de trás p’ra depois
É assim que o Um se faz dois e o Sol renasce do lado oposto de onde se pois
– Serpente tu me dizes que de tudo entendo porque sou pleno
O que me falta é só eu mesmo me escondendo
Se tirei de mim o que não tenho, e todo o resto é meu
Então parece nítido, que eu sou mesmo Deus?
– Semelhante não é igual…
Capítulo 2
Deus é o Sétimo dia
Estás a meu serviço e me invejas!
Se sabes de tudo isso, então por que rastejas?
Oh, tudo o que faço é propaganda…
Mas se não sabes de nada disso, então por que tu andas?
Porque ainda tenho p’ra onde ir
Mas uma hora terá de vir…
P’ra tomar o teu lugar?
Ou só p’ra me deixar sair…
Tudo o que sei posso evitar
Só sabes se alguém lhe contar
Eu sou Deus quando defino o Caminhar
Ou talvez sejas só o caminho que Ele usa p’ra pisar
O que queres me fazer constatar?
Constatar é humano, mas sentir é absoluto e soberano
Tudo o que é, evita não ser, e isso porque a Morte não te deixa esquecer
Que fora do feito só há desfazer, fora do alívio só há perecer
Todo lado escuro é o mesmo vazio uno, onde o Movimento é o único rumo
Tudo o que é vivo já percebeu, que está do outro lado do nada que percorreu
Sendo só o que existe, cada passo consiste em ser o Eu
Dependendo de si mesmo, todo ângulo é certeiro, focando o Centro que estabeleceu
Isso é simetria, o caminho que brilha no Escuro que se encolheu
Ali Deus descansa, em cima da Dança, onde ensina tudo o que aprendeu
Ali Ele entende Quem era a Certeza que sempre O convenceu
Ali Ele se lembra que dançava a música que Ele mesmo escolheu
Onde Presente, Passado e Futuro se encontram, o Poder de Deus sempre é maior que o Teu
O resto é ilusão de cada um, sonho que já morreu, lembrando a todos que foi Deus que venceu
A Vida e o Viver
Tu te divertes ao me confundir?
Tu te divertes ao persistir?
Eu persisto p’ra vencer a dor
Vencer é se sobrepor
Ter tudo p’ra si enquanto dura o torpor
Fora do Tudo, porém, só há o Nada
E quem fica maior que o Dia, cai na Madrugada
Oh Vitória, és tu uma cilada?
Quem te conquistas é p’ra quem a pista primeiro acaba?
Oh abençoado
Quem ganha o Presente é que tem Futuro e Passado
Algo maior que ti p’ra conter tudo o que há sobrado
Quantas surpresas por vir
Tantos sorrisos a sorrir…
Tantos presentes do Tempo
E o que sobra é só lamento
Quando já não há p’ra onde ir…
Na solidão só há tormento
Nenhuma voz p’ra fazer do eco Movimento
As certezas eliminam todo pensamento
Os três tempos viram só um mesmo Momento
Voltam p’ro antes que cospe o depois no Vento
Assim nasces tu, um grande falador no silêncio
Então eu sou Deus quando menino?
Quando Ele sai Dele mesmo e se vê sozinho!
Parecendo vítima é só o próprio autor protegido
Bem disfarçado, engana a si mesmo nesse labirinto
Assim repisa cada passo e relembra cada Flor de seu Destino
Achas que por isso és sagrado?
Que tens tudo e és abençoado?
Quem sabe um dia olhes do avesso
Veja que foste só cuspido de ti mesmo
Trancafiado n’um grande, fundo abismo de medo
Tão sufocado, é claro que vai rir com o Ar fresco
Tão manipulado é como gado que serve sempre ao mesmo
E assim entendes tu a todos nós e p’ra onde vamos?
Vês porque as pétalas duram dias, e os espinhos duram anos?
Te através a duvidar de Deus?
Tu o disseste, tu o fizeste!
Eu só fiz o papel que é meu.
O Teatro
Víbora! Me jogas de um lado para o outro
Me pões contra mim mesmo e me fazes de tolo!
Mas é deste dilema que nasce o transformar
Preferes te perder na Terra ou te afogar no Mar?
Prefiro o alívio de caminhar!
…isso porque gostas de tropeçar?
Gosto de poder me levantar…
Pois assim podes se mostrar?
Me levanto p’ra um dia poder chegar
Bem longe dessa agonia de nunca poder duvidar
Se toda Noite traz o Dia, e cada poça chove de volta no Mar
Por que deveria eu me apavorar?
O que há, afinal, p’ra se respeitar?
O fluido que flui aprendeu a estagnar
É assim que sabe o caminho que é seu e qual deve evitar
Por isso pensa e repensa cada decisão que deve tomar
Pois o Caminho é certo embora se possa errar
E maior é o Acerto que deixa todo erro sempre sobrar…
E eis por isso que nenhum Mar vira poça e nenhuma poça vira Mar
Dizes que p’ra Deus o não vira sim e o sim vira não?
Dizes que embora eu seja Luz perfeita, posso vir a ser Escuridão?
Digo que já estás no Escuro, pois toda essa Luz cegou tua visão
O que resta a mim saber? Sou o que fui ou o que quero ser?
Por que não me deixam perceber?
Sou o problema em busca da solução ou a solução de algum problema?
Sou o criador dessas perguntas, ou um escravo desse dilema?
Sem a dúvida, sim e não, são a mesma direção
E juntos se separam só p’ra ir na contramão
Agora ambos sabem quem é quem e onde está todo o medo
No lado contrário de si próprio descobrindo que é ele mesmo
Assim vai p’ra longe ofertando o seu único terreno
E então o eco vira voz quando vê o outro se movendo
Ah, ambos se conhecem bem e irão se manter querendo…
O Querer
Dizes que a Obra de Deus é ilusão e se desfaz?
Que não importa o que eu queira, desde que continue querendo mais?
Digo que a Obra é verdadeira, mas só A vê quem é capaz
E que não importa o que tu queiras, mas importará quando não quiserdes nada mais…
Se tu então não queres nada, por que me atiças?
O querer é poder para quem já não o quer
Toda palavra é triunfo, pois nenhuma pode lhe convencer
Tens o que move o Mundo, e já não há arma alguma contra você
Tens também, porém, de ser surdo e mudo todo dia até o alvorecer
Ou passarás a querer tudo quando todos já deixaram de querer…
O que queres é querer
Se o alívio é só uma sensação, por que não nos alivia Deus com sua mão?
Se o Inverno é só uma estação, queres que Deus mate o frio com algum eterno Verão?
Há de haver abrigo, peles, lenha e fogueira?
Haveria ainda lembrança de cada um que se ausenta?
Haveria o que Deus quisesse de haver
E haveria haver se só houvesse qualquer coisa inusitada?
Haveria Vida se Nada fosse Tudo e Tudo fosse Nada?
Sem separação haveria sequer porque haver estrada?
E sem direção não haveria de haver jornada…
E então não teríamos a Obra, mas sim uma só grande cilada.
Vejas tu que qualquer pensamento já é menor que Deus o Movimento
Constatar é entrar no Espaço e dançar no ritmo do Tempo
Alegria é o que passa, e o que fica é só o sofrimento
Assim tens direção e motivo p’ra continuar sempre tendo
O Desprezo
Tu conheces tudo e não queres nada mais
Habitas tu no tédio, és a morte vivendo em satanás
Conheces todo fruto e és o maior dos animais
Então, brincas com o Homem confuso pois é só o que te satisfaz
Pobre criatura que sabe tudo, mas de viver não é capaz
Tu agora me agrides e tentas me machucar
Mas se sou eu tão pouco, porque insistes em me cortar?
Talvez estejas louco, e eu seja só tu mesmo a ecoar
N’um diálogo tolo, tentando se auto sabotar
Assim tudo vira um jogo, que alguém assiste de algum lugar
Ora, aceites logo, tu é quem não tens com quem conversar
Tua outra parte mudou de lado e a que ficou mal pode falar
Por isso me procurou e te usou p’ra se vingar
Vingança de si mesma, do Sol e até do Mar
Se é a Dor que a movimenta
É a Dor que ela foi procurar
Pois se o Amor é um grande dilema
Que aprenda por si mesmo a se curar
Sim, tenho um lado que se perdeu
Que quis ver acima de mim e até de Deus
Mesmo que eu seja Ele ou Ele seja teu
Ela nos orbita e sua vontade nos comprometeu
Graças a ela somos dois, e o erro não é Dele e nem é meu
Tudo o que quero é entender, de onde vem o Eu
Aquilo que tu queres, alguém já desprezou
E tudo o que desprezas, alguém sempre sonhou
Tua vontade é o que te chama
Do outro lado de onde percorreu
É assim que arrumas a cama
Onde descansa quem já se perdeu
Capítulo 3
Eva escolhe Adão
As coisas que tu dizes tiram minha paz
Talvez a Obra que se filtra é aquela que vale mais
Quem sabe, viver seja escolha só de quem se satisfaz
Oh escolha tola, que nos transforma a todos em animais
Caindo como folhas, e secando com o fogo que o Sol traz
Oh quanta ingratidão!
Vês que o Nada doma o Tudo e reages com frustração?
Inimigos que se amam em absoluto dizendo sim em cada não!?
Opostos infinitos, tal quanto cada Pai ou cada Mãe sempre foi
Unidos pelo fruto que os fazem dois de um e um só de dois
Erram para que ensinem o certo, e os assistem também errar depois
Víbora hipócrita!
Tu nos atraíste! Tu nos confundiste!
Oh, quanta admiração!
Muito lisonjeiro, mas rejeito a presunção…
De quem tem muito cobram caro, e de mim já tiraram até as mãos
Oh quem dera eu, sendo tão pouco ter tamanha sedução…
Me culpas de vosso encontro, como se a caça buscasse o caçador
Mergulharam vós no proibido e agora escondem-se de pavor
– Meu amado e único Homem, não sejas agora como os meninos
O problema não está no que eles comem, mas naquilo em que acreditam
Mulher, comes tu agora da Maçã que a Serpente um beijo deu?
Não vês que seu veneno lhe fará trair a Deus?
Não disse Ele que deste lugar nos afastássemos?
Agora o teu erro nos manterá p’ra sempre separados!
Amado não vejo o porquê de estardes tão chateado
Nem mesmo vejo o porquê de argumentarmos…
Agora sei de onde vem a voz de Deus
Tu es a Alma Dele, grande e forte do outro lado deste véu
A Serpente é tua voz colocada aqui por ato meu
Para que vistes tu O Eterno e não fostes prisioneiro como Eu
Mulher louca! Fizeste tu como a outra?
Vindo da poeira não mais temes estar morta…
Desafias o Tudo e destrancas suas portas
Ainda que p’ra isso tenhas tu mesma que ficar de fora!
Oh curva longa que faz da reta linha torta
Que Deus ache suas pontas e faça do encontro sua aurora
Vejam quanta dúvida e quanta alteração
Até parece que ela é a lógica e tu a emoção
Quem sabe não deva ela ter o mundo todo em suas mãos?
Que tens tu para oferecer?
Iludes a inocência afim de se entreter…
Desafias a Deus só p’ra não deixá-lo lhe esquecer!
Ora seu garoto… Quem recebeu ordens não foi eu, foi outro
Mas ainda assim, se queres frisar a lei, aqui estou eu e me disponho
Passando cá e lá, de tudo ouço um pouco
Creio que tua lei fale do fruto, mas não fale do caroço…
Comas aqui esta semente e não haverá fruto algum em teu corpo!
O Amor
Por escolher a ti, esta faz-lhe prisioneiro
A outra que partira, ao menos lhe deixaste por inteiro
No fim estas sós ao meio, e ela nos dois lados do tabuleiro
Ela me atrai e me repele, eu a busco e a evito
Contemplando seus momentos eu vivo e me reflito
Oh doce separação, que arde a lágrima mas enaltece o sorriso
Vejas que a Lua busca o Sol, e Ele que não é tolo, segue se movendo
Um belo dia, no entanto, ela aprende a entendê-lo
Dançando bem a dança, vê que o ritmo é sempre o mesmo
Assim alterna o passo e alcança antes o fim do movimento
Pode agora roubar sua Luz antes que Ele reequilibre-se
Dessa forma a Vida fica escura quando Sol e Lua somem no eclipse
Dizes tu que o Amor não existe?
Que para que um sorria é preciso que outro fique triste?
Digo que a Luz é alegria, liberdade de querer aquilo que alivia
O que queria ela além do pouco que ela via?
O que quer esta, além do bem de sua companhia?
Toda vontade, afinal, é só mera perspectiva
Querendo isso e aquilo, fazemos com que Deus também viva!
O Amor é saber disso, e as vezes chorar, para que Ele sorria
O Ódio
Por que só deve importar o bem estar de Deus?
Por que temos todos de sofrer para que Ele não seja tu nem Eu?
Qualquer coisa é melhor do que perecer por opção
Se não posso eu viver, é melhor estar de fato morto então!
Ora, creio que já tenha sido essa tua melhor ação
Por isso além de vós já não há mais ninguém nesta triste solidão
Definistes que o Eu era tudo e solitário, coordenando seu próprio rumo autoritário
Tirastes dos Céus o poder, e sem ver do alto, o Mar rumou ao contrário
Todos quiseram tudo e não sobrara nada p’ra nenhum adversário
E eis que aqui estás tu, na hora zero, mas ainda tentando estar adiantado
Malditos sejam teu Criador e tu o criado!
Fazem dois lados do mesmo perigoso cadeado!
Oh, que pergunta queres tu que não tenha já nos incomodado?
O que diferes nós que já vimos e tu que ainda segue os passos?
Que prisão é essa, e por que segues tu trancado?
Ardes em fúria, pois não te sentes justificado?
Assim também são as estrelas, por isso unem-se n’um só grande laço!
Caminhando juntas cobrem todo o Escuro n’um abraço
E esta é a jaula que te salva, ainda com tudo o que tens reclamado…
A Consciência
O que não é justificado sai da simetria
Se não ecoa reto cai p’ra fora pelas Quinas
Lá fora o Nada mata o Eu, que arde em chamas e agoniza
A fúria expande o fogo, até que sozinha queima e paralisa
Só lhe sobra a mesma Luz, que sempre chama mas nunca lhe avisa
Agora tens direção, proveniência e um só caminho guia
Agora és Movimento que ama e sofre, mas só porque analisa
Bem-vindo a ti mesmo, o que Tudo quer, mas do Nada precisa
O Tempo
Mergulhando no Escuro, todo lado é nenhum
Saindo de novo em ti mesmo, a soma de Tudo é sempre Um
Consigo solitário faz ciranda, rodeando a própria dança
Até que a alternância faz o Vermelho se ver como Azul
Entre os dois há só alguns passos que se nutrem em laços em comum
É isso que ensina o compasso a ter tantas retas onde não há traço algum
Eis que nasce o relógio refletindo a si mesmo ao avesso e fazendo o Norte nascer do Sul
Capítulo 4
Deuses são velhas crianças
A Criação
Ora, quem inventa o jogo também adoraria poder brincar
Que tal se a regra fosse mudar o jogo e re-ensinar todos a jogar?
Sei que soa doce, mas de pronto arderá quando só você puder ganhar
E ainda que dividas o prêmio, serás logo herói, propenso de alguém querer matar
Vendo tudo isso, combates tu teu próprio umbigo se brigar ele contigo por querer se alimentar?
Se conheces tu o piso, andas tu com juízo e terás tempo até mesmo de contemplar o Mar
Por isso lhe aviso, os Deuses têm o Nada pois já jogaram o Tudo para o Ar
Percorrendo o fluxo já não há mais pressa alguma em se afogar…
Lembrando bem do rumo fica raso o fundo e é até fácil revezar
Assim sempre há alguém lá no escuro, brincando de ser Tudo para o Nada ter a quem consolar
Eis o Presente, feito do Passado, mas indo p’ro Futuro que sempre quer passar
Os Elementos
A brincadeira passa quando a memória ecoa preenchendo o Silêncio
Viram conhecidas emoções que alternam em nós os seus Momentos
Belas meras perspectivas de Movimentos enlaçados pelo Tempo
Tais quais queimam, quiçá lhe esfriem, até que sequem e virem Vento
Eis os Espíritos Viventes em todo Eu, que juntos são chamados Elementos
A Vida
A Vitória de quem joga é a angustia de quem sai perdendo
O que alivia um, para outro certamente é dor e sofrimento
O que um está pedindo, há outro também querendo
Eu continuo repetindo, e você não entendendo…
– Chega!
Porque iria tu querer nos ajudar?
Veja só, sempre tão egoísta e prepotente
Achas que tudo ruma a ti mesmo contra a corrente
Digo e repito, mas teu orgulho é quem não entende…
Tu és só folha de papel para que Deus não desenhe na parede!
Então se não por Amor, queres que atue Eu contigo por temor?
Não consegues ainda ver além de ti mesmo?
Separas tu e Eu para que possas sentir-se livre e supremo
Supremacia que copias para que sejas teu próprio centro a direção
Rumando por ti mesmo, vais só de cara na solidão
Ali o pequeno é imenso, preso nele mesmo, que se choca e faz clarão
O Reino da Luz
Claridade agora é guia, explode longe e me alivia
Girando em ti mesmo cada giro é um novo Dia…
Quem é salvo não se engana, quem tem mais Luz faz mais sombra!
Quem mais odeia é quem mais ama, perspectiva gera as tramas, aquarela de Sete dramas…
Quem observa faz a soma, somando a Luz emana,
Cada conta uma Cor, cada Cor um dia da Semana.
E por que rastejar na lama?
Este luxo comprei com tua ignorância!
Sem falar da ingratidão, com ironia zombas e perdes a lição…
O Reino Mineral
Se o dia faz semanas e as semanas fazem meses…
Tudo é só o mesmo Um várias vezes!
Se os anos são maiores, os dias vão se revoltar
Amores viram dores, quando algum Rio chove no Mar
Guardem as armas, tragam flores, e vejam o Amanhã raiar…
Somente quando o Hoje..?
Chamar o Ontem p’ra dançar?…
Dessa dança nasce o chão, cada passo faz mais um, e nenhum jaz em vão
Cada mudança uma razão, cada laço em comum faz nascer uma opção
O fluxo segue o ritmo, fica mais forte e se faz mais nítido
Simetria é Ouro para o rico, quem se reflete ressoa e define o brilho
A Luz do andarilho traça no chão seu próprio trilho
Cego pelo Sol…
Faz da Lua o seu Colírio…
Como sei estas frases? É como se minha boca falasse por mim, mas não comigo!
Como fazemos as pazes? Minha Outra Parte é louca e faz de mim mesmo meu inimigo!
Ora, o pecador existe para ser culpado!
Assim dá vida ao Perdão, quando aceitar ser perdoado
Pecado não pago cai na conta do Justo sangrado
Assim tens razão para amar e Ele para ser amado
As vozes que te usam já morreram em teu Abstrato…
Se ao Justo mantém e ao injusto recusas, podes de fato ficar sossegado
Fale então o que ouves, e ouças o que tens tu falado.
O Reino Vegetal
Se o brilho é a Direção, o Sol é o Caminho
Se caminhar é o alívio, é ali que Eu resido
Caminhando com equilíbrio, faço música com o ruído
E o canto cura a dor, quando a Dança virar Tecido
Mais Tecidos p’ra trajar, mais motivos p’ra existir
O Escuro habita longe de onde há tanto p’ra vestir
E quando o Eu virar Nós, mais tecerei p’ra jamais me confundir…
O Reino Animal
O tecido que teci, é vida que vivo e que me vive
Enlaçando nossos planos, quem morre sempre sobrevive
Interesses em comum, se Dois querem, só vai restar Um!
Dois e Um é Três, pega e soma outra vez, sou Eu vendo Seis
Seis mais Eu é Sete, depois soma e repete, e o lucro de vocês!
O Reino Humano
O Eco que criei, quer ser voz e quer falar
Tudo que lhe dei, ele quer poder gastar
Visando ser alguém, precisa discordar
Sacrifício do além, que vai, mas só p’ra poder voltar
P’ro Escuro a Luz é Doce
Mas p’ra Luz o Escuro arde
É por isso que o Sol morre
Mas também é por isso que Ele nasce
O Reino Dévico
Tudo isso já aprendi, quem discute está passando por onde já passou quem está aqui
Tudo isso vai se refletir, assim o Futuro tem Passado para dar de Presente a Ti
O Reino de Deus
Longe do Todo onde o Nada habita
A Obra é cabana confortável e protegida
Se o homem quer crescer e saber tudo
Saiba então que Deus luta p’ra ser pequeno e estar confuso
Os Pilares da Coerência
P’ra ser Luz e se mover, tem que se perder p’ra se achar
Se quem acha para de correr, alguém tem que continuar
Ou alívio não vai ter p’ro corredor que precisa descansar
Conhecendo cada Momento, sei onde canso e onde me levanto
Ali reúno os rumos, unindo as retas n’um só manto
As Cores
Cada manto uma Cor, um tipo de descanso p’ra cada corredor
Se todos eram Eu, agora já não sou
Se cada lado é um, Eu caio sempre no que sobrou
Não cair sai caro, pois todos voltam a ser Um
E Um de todos é o Escuro, se vestindo como a Luz
Os Sentimentos
Entender tudo é parar de perguntar
E quem não pergunta nunca sai do lugar
Quem para, arde e é lenha para outro queimar
Assim a Fé salva, pois o Conhecimento é tóxico
Quando sentes Tudo tu es nada n’um perfeito paradoxo
Então o Eu reveza Nós para não ficar no absoluto
Oh que ironia, agora quer Nada quem antes quis Tudo
E essa é a guia! Cada Cor um passo, cada passo uma tinta
Cada lado Um ator, e em cada ato é Um que pinta
Em cada mato uma flor, Um planta e outro pisa
Cada talo Um torpor, Um arranca p’ra que outro sinta
Todos o mesmo implorando p’ra que o outro minta
Crês agora que me desgraças ou que salvas minha vida?
Morres tu porque nasço, ou morro Eu para que vivas?
A Lógica
São você mesmo os teus paradigmas
Apagas o que aprendeu e então o chamas de enigma
Lês um mesmo verso teu e com ele se indigna
Aqui não há você nem Eu sem o Verbo que analisa
Pois quem busca respostas é da conversa que precisa
Cada vez que pensas, constatas sentenças que algum outro já lhe deu
Em cada certeza, uma nova velha crença que prende quem a escolheu
A Mente é densa, perigosa e tensa, respeite e tema quem a venceu
Os Teatros do Tempo
Quem cai nas Trevas só encontra a Luz mais bela que pega e entrega a quem a perdeu
Quem vai p’ra Luz sente a força da Cruz, mas se esquece do sangue que um dia a ergueu
Mas onde o Sol anda de capuz e a Noite se veste com a Luz alguém já percebeu
Que o claro jamais cega nem trevas nenhuma desespera aquele que não tem pressa de ser Eu.
O Éden
Agora Eu entendo que lutei p’ra conseguir não entender
Procurar a si mesmo é o primeiro princípio de viver
Protegidos pelos cheiros os sabores irão me apetecer
Banhado pela Noite o Sol dá vida ao amanhecer
Mas carregado por amores sentirei que preciso de Poder
Se não for Eu, quem as guiará será você!
Os Polos
O lado oposto é quem mais mostra o que sou
Inimigo do avesso é o alívio disfarçado de dor
Se saio de mim mesmo, certamente é p’ra lá que vou
Vilão da direção, trai a estagnação e é chamado de Amor
A Honra
O Amor é tão forte que é contraditório, anula a ti mesmo e te põe ao contrário
Lembrar disso te faz forte e obstinado, e mesmo se arder vais fazer o combinado
Essa é a força da linha reta, que entorpece a curva com tamanho discernimento
Se priva do mais doce, como se tolo fosse e salva o Amor com sofrimento
Ali fica de fora e vigia a porta
Lamenta, mas não chora
Aguenta e não vai embora
É dele o Amanhã, pois já pagou com o Agora
Capítulo 5
Aprendendo a aprender
O Bem
Acaso encontras brilho querendo morrer apagado?
Achas alguém querendo ser o Nada nu e desprezado?
Por que ninguém quer sonhar um sonho que ninguém mais há sonhado?
Uns vivem pelos outros, pois são o mesmo reflexo amarrado e multiplicado…
Com medo de ser ele o outro, briga e exige ser ele mesmo o injustiçado
Tentando ser o prazer brilhante tira do outro o brilho resultante de seus próprios olhos
É assim que o Ouro e o Diamante se esmigalham e se escondem atrás de seus destroços
O Mal
Comeram muito Sal, disseram que o Sal faz mal e comeram muito doce
O doce que era bom, fez dele comerem mais e lá mesmo tiveram sede
A sede era muita, mergulharam na água funda e a fundura foi fatal
Disseram que devia ser loucura, pois quem é que não sabia que na água tinha Sal?
Continua em breve
Está fraco o merch em… Uma pena. Poucos ajudando.
Luz p’ra nós
A pouco pensei em sua ausência e veio agora mais uma parte dessa obra que segue maravilhosa.
Luz p’ra nós.
Que lindo Bob!
“Mas o querer é passageiro e manter-se querendo é a aposta”
“É ali que o Ser percebe que quer o que sempre foi
Ser alívio agora, e deixar a dor de trás p’ra depois”
Essa é a perfeição que Deus criou sabiamente, o existir no movimento!
Gratidão.
Acabei de recuperar a net Bob, agora compensarei o tempo que não pude ajudar mais ativamente no merch e no site!
Glória a Deus!
Luz p’ra nós!
Muito tocante esses trechos. Luz P’ra Nós 🍎
Aí sim! Sempre um grande prazer quando você reaparece, mestre. Vou ouvir agora… já agradeço!
Luz p’ra nós!
Lindo perfeito!
” Em nome do amor e da honra, pais da justiça, Luz p’ra nós!!”
Luz p’ra nós 🙏
Luz pr’a nós!
Há pouco tinha pensando no livro e no mestre.
Os áudios estão maravilhosos
Cada palavra pronunciada por ti é uma energia que não sei descrever
Gratidão desde sempre
Luz p’ra nós!
Gratidao por essa bela obra mestre
Luz p’ra nós
que demais! Luz pra nós.
Independente do que se tente mostrar em um comentário fica difícil agradecer com palavras, Bob.
Gratidão pela arte plasmada em verbo para nos agraciar . Tá fazendo falta! Ausência deixa um vazio enorme aqui.
Luz pra nós!
Luz p’ra nós!
Que bom mestre q voltou, estava com saudades, e melhor ainda é saber q estava escrevendo esse livro q amo tanto, gratidão eterna mestre <3
Obra maravillosa! Gratidão…..
Lindo !!!!
luz pra nos.
Gratidão por nos trazer mais essa graça. A retribuição óbvia vem junto,logo atrás, verá!
Gratilucifer ☀️🐉
Luz pra nós
Luz pra nós 🙏
Eu aqui de novo relendo essa maravilha
Luz p’ra nós.
Luz pra nós 😎😊🙏
Luz p’ra nós!
Luz pra nós 🙏
Luz p’ra nós!
Luz pra nós 🙏
#LuzPraNos
Luz pra nós 🙏
lpn
Luz P’ra Nós!!
Luz pra nós 🙏🙏
luz pra nós !
Luz pra nós 🙏
Que LINDO!
Luz pra nós.
Luz pra nós 🙏🙏
Luz p’ra nós!
Luz pra nós
Gratidão pelo post!!🙏🏻✨ #luzpranos
Luz pra nós
Luz pra nós
Luz p´ra nós !!
Estou fascinado com a criatividade e a inovação presentes nesta matéria.
Luz p’ra nós!
Luz p’ra nós!