Presidente da Bielorrússia responde com ameaças e alude a uma nova guerra mundial
“Estamos na primeira linha de uma de uma nova guerra, já não fria, mas gélida”, afirmou o Presidente da Bielorrússia reforçando que esta poderá transformar-se “numa nova guerra mundial”.
O Presidente bielorrusso respondeu esta quarta-feira com ameaças às sanções europeias devido ao incidente de domingo com o avião da Ryanair e acusou o Ocidente de liderar uma “guerra gélida” contra o país, que poderá transformar-se “numa nova guerra mundial”.
“Estamos na primeira linha de uma de uma nova guerra, já não fria, mas gélida”, afirmou Alexander Lukashenko numa intervenção perante as duas câmaras do parlamento bielorrusso, citado pela agência noticiosa oficial local BELTA.
Para o Presidente bielorrusso, foi “aberta uma guerra híbrida, a vários níveis” contra o país, cujo objetivo é “demonizar” a Bielorrússia.
Somos um pequeno país, mas responderemos adequadamente. Há exemplos parecidos no mundo. Mas, antes de se agir sem pensar, há que recordar que a Bielorrússia é o centro da Europa e que, se aqui estalar algo, será uma nova guerra mundial”, avisou.
Lukashenko sublinhou que, diante de uma qualquer sanção, ataque ou provocação, a Bielorrússia “responderá com dureza”, avisando que o Ocidente “não está a deixar outra opção”.
Vamos compensar as sanções com ações ativas noutros mercados. Vamos substituir a Europa, inexoravelmente envelhecida, pela Ásia, em rápido crescimento. A nossa sociedade está pronta para se tornar a nova Eurásia, o posto avançado da nova Eurásia”, acrescentou.
Por seu lado, o primeiro-ministro bielorrusso, Roman Golovchenko, disse ter já sido preparado um pacote de medidas de proteção para empresas e cidadãos, que consiste num possível embargo às importações de mercadorias do Ocidente e restrições ao seu trânsito.
Além disso, Lukashenko também alertou para a ideia de que a Bielorrússia pode enfraquecer o controlo sobre o tráfico de drogas e sobre a migração ilegal, obrigando a que os europeus fiquem encarregados de assumir a totalidade do problema.
O Presidente bielorrusso avisou também os que estão a preparar novas sanções contra a Bielorrússia para que “não se esquecerem de compensar” as despesas feitas por Minsk durante a investigação do incidente.
“Isto tem de ser pago”, acrescentou.
Lukashenko voltou a defender que, no incidente da aterragem forçada do avião da Ryanair, as suas ações foram ajustadas ao enquadramento legal.
“Agi de acordo com a lei, defendendo as pessoas de acordo com todos os padrões internacionais”, disse Lukashenko, que garantiu que as alegações de que o avião de passageiros foi forçado a pousar por um caça MiG-29 são uma “total mentira”.
O Presidente bielorrusso sustentou que a missão do caça bielorrusso foi garantir a comunicação com o avião de passageiros e conduzi-lo ao aeroporto de Minsk em caso de situação crítica.
As autoridades bielorrussas detiveram no domingo o jornalista Roman Protasevich, depois de Lukashenko ter ordenado que o voo da companhia aérea Ryanair, que fazia a rota de Atenas para Vílnius, fosse desviado para o aeroporto de Minsk.
Protasevich, de 26 anos, é o ex-chefe de redação do influente canal Nexta, que se tornou a principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020.
Várias instituições e países do Ocidente condenaram já a ação das autoridades bielorrussas, que asseguram ter agido dentro da legalidade ao intercetar o voo comercial da Ryanair, argumentando que havia uma ameaça de bomba feita pelo grupo palestiniano Hamas.
A Bielorrússia atravessa uma crise política desde as eleições de 9 de agosto de 2020, que segundo os resultados oficiais reconduziram o Presidente, Alexander Lukashenko — no poder há mais de duas décadas — para um sexto mandato, com 80% dos votos.
A oposição denunciou a eleição como fraudulenta e reivindicou a vitória nas presidenciais.
Desde então, o país testemunhou uma vaga de protestos populares para exigir o afastamento de Lukashenko, manifestações conduzidas pela oposição que têm sido reprimidas com violência pelas forças de segurança da Bielorrússia.
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