Reino Unido vai ter o primeiro programa de TV com deepfakes

Aurélio 7/12 ☥ Fevereiro 2, 2023 3 min read

O programa será o primeiro no mundo a usar o deepfake, tecnologia que muda o rosto das pessoas através de uma inteligência artificial.

Para quem não sabe, deepfake é uma tecnologia capaz de criar vídeos falsos, mas muito realistas, de pessoas fazendo coisas que elas nunca fizeram na vida real através de uma inteligência virtual. Essa tecnologia já foi usada várias vezes e já gerou desde conteúdos pornográficos com celebridades, até discursos fictícios de políticos influentes.

Por conta disso, essa tecnologia pode ser bem prejudicial. Contudo, o deepfake pode ser usado como uma forma de entretenimento. É justamente isso que o programa “Deep Fake Neighbour Wars” fará. O programa vai estrear no Reino Unido em janeiro desse ano, no canal ITV, e irá ser o primeiro no mundo a usar deepfake.

O “Deep Fake Neighbour Wars” é descrito como o primeiro programa narrativo de formato longo a usar essa tecnologia. Quem irá produzi-lo será a Tiger Aspect Productions em parceria com o Studio Neural, que é quem irá aplicar a tecnologia usada.

O programa irá apresentar fakes de celebridades como Tom Holland, Beyoncé, Kim Kardashian, Ariana Grande, Nicki Minaj, Adele, Rihanna, Jay Z, Olivia Colman, Stormzy e o jogador de futebol Harry Kane. A premissa dele é reunir esse monte de “celebridades” que viverão no mesmo bairro e terão rotinas comuns. O objetivo do programa é conseguir fazer os espectadores rirem explorando as coisas normais do cotidiano.

Segundo o criador do programa, Spencer Jones, usar o deepfake ainda é uma coisa bem limitada e precária. Por exemplo, para que ele seja feito, os atores não podem cobrir seus rostos ou fazer um olhar mais profundo porque a tecnologia não consegue captar esses movimentos.

“Estamos desenvolvendo novas ferramentas automatizadas, mas está muito longe de ser um processo totalmente automatizado. Ele ainda precisa da inteligência humana tanto quanto da inteligência artificial. Você ainda precisa espremer o máximo de detalhes na textura e todas essas coisas, e isso leva anos de experiência e inteligência humana para fazer. Vai levar anos até que existam processos automatizados que possam atingir 4K [ultra HD] como este”, disse Barney Francis, chefe da Studio Neural.

Mesmo que o “Deep Fake Neighbour Wars” tenha estreado no Reino Unido no dia 26 desse mês, ele não tem ainda algum serviço de streaming que o transmita aqui no Brasil.

Deepfake

Por mais que muita gente use o deepfake para fins, digamos, menos nobres, há também experimentos bem interessantes e reflexivos. Por exemplo, no fim de 2020, milhões de telespectadores em toda a Coreia do Sul estavam assistindo ao canal MBN para acompanhar as notícias.

Tudo parecia normal com a apresentadora Kim Joo-Ha lendo as manchetes do dia. Contudo, a transmissão do jornal não era tão normal assim. Isso porque a apresentadora não estava de fato lá. Ela tinha sido substituída por uma versão deepfake de si mesma.

A versão gerada por computador refletia perfeitamente sua voz, gestos e expressões faciais. Antes da transmissão, todos os espectadores já tinham sido informados do que iria acontecer. Segundo a imprensa sul-coreana, a reação foi bem variada.

Algumas pessoas ficaram impressionadas com o quão realista a versão deepfake era. Já outras disseram que se preocupavam que a verdadeira apresentadora pudesse perder o seu emprego.

O canal MBN disse que usará a versão deepfake para algumas notícias de última hora. Além disso, a Moneybrain, empresa sul-coreana que fez a tecnologia para a criação desse depfake, disse que estava procurando outros compradores tanto na China como nos EUA.

Embora a maior parte das pessoas relacione deepfake com vídeos falsos de celebridades, a tecnologia está cada vez mais sendo usada comercialmente. Eles são chamados, diplomaticamente, de vídeos gerados por inteligência artificial, ou mídia sintética, e estão crescendo em algumas áreas, como por exemplo, em notícias, entretenimento e educação.

Font CNN

Escola de Lúcifer