O empresário Andán Celis Michelena, novo presidente da maior entidade empresarial da Venezuela, a Fedecamaras, pediu o fim das sanções impostas pelos EUA e disse que o bloqueio empobreceu o país. As declarações foram dadas nesta terça-feira (25) durante entrevista à emissora de rádio Circuito Éxitos, logo após ele ser eleito na última sexta-feira (21) para presidir a instituição.
Questionado se sua gestão frente à Fedecamaras acompanharia os pedidos de eliminação do bloqueio, Michelena classificou como “loucos” os que pediram a aplicação de sanções e disse que as medidas causaram dano à Venezuela.
“Nenhum país quer estar sancionado, o venezuelano que diz querer sanções é um louco. Evidentemente, nós pedimos que as sanções sejam eliminadas, elas não fizeram outra coisa senão empobrecer o país”, disse.
O empresário ainda relacionou a possibilidade de eliminar sanções com uma recuperação comercial e financeira, embora tenha pedido “mudanças necessárias no contexto jurídico e econômico” para o setor privado.
“Através da eliminação dessas sanções, nós podemos ter um comércio mais fluído, mas por outro lado é preciso fazer mudanças necessárias no ordenamento jurídico e acho que estamos caminhando nessa direção. As duas coisas devem caminhar juntas, mas ninguém pode pedir um país sancionado, isso não serve, causou danos ao país”, afirmou.
Empresário do ramo de embalagens, Michelena tem passagens pelo setor financeiro e já presidiu por duas ocasiões a Conindustria (Confederação Nacional da Indústria) e a Câmara Industrial do estado de Carabobo. Embora tenha sido vice-presidente da gestão anterior na Fedecamaras, sua postura representa um posicionamento mais claro da entidade sobre as sanções em relação às administrações anteriores.
Os pedidos pelo fim das sanções estão em sintonia com as exigências feitas pelo governo venezuelano na mesa de diálogos com a oposição. Uma das principais demandas de Caracas nas negociações é a suspensão do bloqueio para que o calendário eleitoral presidencial de 2024 possa ser definido sem pressões externas.
Desde que entrou em recessão em 2014, a Venezuela tem sofrido com uma crise na produção petroleira, principal setor da economia e responsável pela maior parte das receitas do país. Isso afetou a capacidade importadora e deu origem a um processo hiperinflacionário que só terminou em 2022. As sanções impostas pelos EUA agravaram vertiginosamente a crise econômica e fizeram com que o PIB venezuelano contraísse mais de 70% nos últimos 10 anos, segundo o FMI.
Vídeo complementar:
E.U.A vai ficar só? / (França + {China) vai à Lua com Venezuela}
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