Pesquisador brasileiro diz que dispositivo representa desafio para privacidade de usuários.
A Humane, uma startup do Vale do Silício, lançou na quinta-feira (9) o AI Pin, dispositivo alimentado por inteligência artificial projetado para ser usado preso à roupa. Com o aparelho, é possível fazer chamadas, enviar mensagens, pesquisar na internet e registrar fotos e vídeos. O produto funciona como um tipo de telefone sem tela.
Para interagir com o AI Pin, o usuário pode usar a voz — como faria como um assistente virtual no estilo da Alexa, da Amazon – tocar na superfície do aparelho, ou fazer gestos com os dedos. Algumas informações mais básicas são projetadas para as mãos posicionadas de frente para o dispositivo.
A Humane foi fundada por dois ex-funcionários da Apple, o designer Imran Chaudhri, que trabalhou em produtos como Apple Watch e iPhone, e a física e astrofísica Bethany Bongiorno, que atuou na empresa como diretora de engenharia de software.
Para Diogo Cortiz, professor da PUC-SP e pesquisador no NIC.br, há uma busca por um substituto do smartphone, mas ainda é cedo para dizer que o AI Pin é o dispositivo para isso. “Ele é caro, custa o preço de alguns smartphones, mas com menos funcionalidades”, diz à CNN Brasil. O preço inicial é de US$699 (cerca de R$3.500 na cotação desta segunda-feira) e inclui assessórios básicos, como cabo USB e estojo para carregamento.
“Com uma presença maior da inteligência artificial na nossa vida, vai ser preciso repensar as interfaces. O AI Pin talvez seja o início de algo, mas não o substituto definitivo do que temos atualmente”, completa.
A privacidade é outra preocupação que surge no uso do aparelho, uma vez que ele é capaz de gravar conversas e imagens ao redor.
No anúncio do lançamento do produto, feito em um vídeo publicado nas redes sociais, os fundadores da empresa afirmaram que o aparelho não é acionado e nem pode fazer gravações antes de o usuário interagir com ele.
“Essas tecnologias mais pervasivas trazem um desafio enorme para a privacidade. Como esses dados são capturados? Como são processados e armazenados? Qual o uso que a empresa vai fazer dessas informações? E trata-se da privacidade do usuário e das pessoas que estão próximas dele. Esses desafios têm aspectos técnicos, legais e de design”, diz Cortiz. Para o pesquisador, essas são questões que a sociedade terá de lidar com o surgimento de dispositivos que tornam a inteligência artificial ainda mais presente no dia a dia.
A estreia da versão finalizada do AI Pin aconteceu na Paris Fashion Week em setembro deste ano. Durante o desfile da marca Coperni, o dispositivo esteve preso à roupa das modelos, incluindo a britânica Naomi Campbell.
As vendas do dispositivo iniciam nos Estados Unidos na próxima quinta-feira (16). Ainda não há informações sobre a chegada do aparelho ao Brasil.
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Estamos indo rápido demais. O celular está com os dias contados.
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