Na Argentina, depois de quase um ano que a lei da Cannabis medicinal e do cânhamo industrial entrou em vigor, aconteceu a primeira colheita das plantas cultivadas em solo argentino. As equipes do Ministério da Agricultura (Senasa) e do Instituto Nacional de Sementes (INASE) acompanharam a operação nas cidades de Chacabuco, Balcarce e Ferré, todas localizadas na província de Buenos Aires.
A responsável pelo cultivo foi a empresa Industrial Hemp Solutions (IHS), que apesar do nome em inglês é uma organização argentina. Do mesmo modo, a Universidade Nacional de Buenos Aires (UBA) prestou apoio técnico durante todo o processo.
Veja no vídeo abaixo como foi a primeira colheita de cânhamo para fins industriais na Argentina.
Cânhamo e a transição para uma economia verde
Esse foi um cultivo experimental. Por enquanto, os pesquisadores e fazendeiros estão analisando as melhores condições climáticas para o cultivo da Cannabis para fins industriais e medicinais. Com esse objetivo que a IHS recebeu a autorização do INASE e Senasa para importar genéticas de cânhamo de diversos lugares do mundo e testar em diferentes localidades do país.
O cânhamo deixou de ser cultivado na Argentina na década de 1970, quando foi proibido no país vizinho e também em boa parte do mundo. Vale destacar que tivemos aqui no Brasil a primeira lei proibindo a Cannabis, era a Lei do Pito do Pango de 1830.
O cânhamo é uma variedade de Cannabis que não produz delta-9 THC, porém produz flores ricas em CBD que podem ser usadas na produção de medicamentos. Além disso, o uso industrial da planta tem o potencial para gerar emprego, recuperar a terra e absorver carbono. O diretor de inovação da IHS, Maximiliano Baranoff, destacou esse tripé de benefícios que essa nova cultura pode trazer à combalida economia da Argentina.
“O objetivo do IHS é orientar as indústrias para facilitar a transição para novas economias, caracterizadas por seu triplo impacto. Dessa forma, a empresa promove o desenvolvimento das economias regionais, promove o sequestro de carbono e contribui para a regeneração dos solos, além de gerar divisas para o país, tanto pelo aumento das exportações quanto pela substituição de importações.”
Parceria público-privada
A implementação dessa nova indústria na Argentina teria a chance de gerar 10 mil novos postos de trabalho em poucos anos e movimentar um mercado que pode exportar até 50 milhões de dólares em produtos e serviços.
Nessa fase inicial, os experimentos acontecem em uma parceria público-privada com o apoio da maior universidade do país, a UBA. O engenheiro agrônomo da UBA, Daniel Sorlino, disse como acontece essa contribuição entre as áreas acadêmica e a empresa IHS.
“Através de um convênio entre a UBA e a empresa que realiza essas experiências, nos juntamos à investigação. Damos todo o suporte necessário para o desenvolvimento de todas as variedades que temos no país e sua relação com o clima, principalmente na região dos Pampas. Por isso estamos percorrendo as áreas para ver quais estão se adaptando. Nesta primeira experiência buscamos adequar o maquinário ao processo de colheita, e assim ter um pacote tecnológico adequado.”
O cânhamo é uma planta extremamente versátil. Podemos utilizar a planta quase que integralmente para produzir fibras, alimento e medicamentos.
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