Arqueólogos revelam possível uso ritualístico de esqueletos com pedras na boca

Pesquisadores de um cemitério romano na região central da Itália, com sepultamentos datados do século V, vêm explorando enterros incomuns nos quais foram encontradas pedras colocadas na boca de alguns esqueletos — um costume até então pouco compreendido. Estudo recente sugere que essas práticas indicam crenças e rituais ligados ao medo de mortos-vivos ou espíritos malignos.

Descoberta e contexto arqueológico

O cemitério vem sendo escavado desde 1980 e abriga os restos mortais de bebês, crianças e até cães. Entre os achados, além de ossos de diferentes idades, há evidências como blocos de pedra posicionados sobre o corpo ou dentro da boca dos mortos.

Esses enterros com características excepcionais ocorreram durante um período de instabilidade no Império Romano. As comunidades locais, embora já tivessem contato com o Cristianismo, ainda mantinham crenças populares e superstições fortes nesse momento de transição cultural e social.

Interpretação dos pesquisadores

A hipótese levantada pelos arqueólogos aponta para o uso de pedras como objetos apotropaicos — isto é, elementos destinados a afastar o mal. A colocação da pedra sobre a boca ou sobre o corpo teria o propósito de impedir que o cadáver falasse após a morte, ou que sua alma (ou espírito) retornasse à vida de maneira maléfica.

Outra linha de investigação considera que surtos de doenças, como a malária, muito presentes naquela época, contribuíam para o medo social do desconhecido, como fermento para crenças em mortos-viventes. O enterro com essas práticas especulativas pode refletir uma tentativa de proteção ritual contra essas forças percebidas como perigosas.

Significado histórico e cultural

A descoberta é importante não apenas por sua raridade, mas por oferecer uma janela para as crenças populares no final do período romano, onde práticas tradicionais e religiosas se misturavam. Mesmo após o cristianismo se tornar mais difundido, costumes como esse indicam que a mudança cultural foi gradual e que muitos valores antigos continuaram ativos entre a população.

Além disso, o estudo desses enterros pode lançar luz sobre aspectos pouco documentados dos rituais funerários, do cuidado com o corpo, e dos medos culturais prevalentes em comunidades rurais ou menos centrais do Império romano.

Fonte: aventurasnahistoria.com.br

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Matheus Noleto

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