Brasil é o segundo país com maior reserva de terras raras

Um mapeamento recente do Serviço Geológico do Brasil (SGB) identificou que doze estados brasileiros apresentam condições promissoras para a ocorrência de elementos terras raras (ETRs) — minerais estratégicos fundamentais à tecnologia moderna e à transição energética.

Potencial mineral em destaque

O Brasil possui a segunda maior reserva de terras raras do mundo, com cerca de 21 milhões de toneladas distribuídas por diferentes regiões.

Os estados com maior destaque são:

. Goiás, com presença significativa em Minaçu e Nova Roma;

. Minas Gerais, com diversos projetos mapeados;

. Bahia, com depósitos em áreas como Campo Formoso e Caetité;

. Pará, Amazonas, Rio de Janeiro, Roraima e São Paulo, entre outros.

Projetos estratégicos e resultados científicos

Em Goiás, a Serra Verde Mineração, em Minaçu, opera a primeira planta comercial brasileira dedicada à extração de ETRs a partir de argilas iônicas, com previsão de produzir 5 mil toneladas anuais de óxidos até 2026.

No município de Nova Roma, a empresa chilena Aclara Resources detém um depósito de aproximadamente 1,4 mil hectares, com investimento estimado em R$ 2 bilhões para o projeto “Módulo Carina” .

Avanços governamentais e planos públicos

O Serviço Geológico do Brasil iniciou, em julho de 2025, pesquisas sistemáticas no oeste de Minas Gerais, nas áreas do Alto Paranaíba, junto a complexos alcalino‑carbonatíticos como Araxá, Tapira e Serra Negra, buscando mapeamento de argilas com potencial para ETRs.

Paralelamente, o Ministério de Minas e Energia (MME) lançou o Plano Nacional de Terras Raras, alinhado ao Programa Mineração Segura e Sustentável e a ações do Novo PAC. A proposta busca consolidar a cadeia produtiva desde a extração até o refino, estimulando investimentos públicos e privados.

Oportunidade econômica e desafios

Estudos estimam que, com investimentos em infraestrutura, beneficiamento e indústria local, o setor de terras raras pode acrescentar até R$ 243 bilhões ao PIB brasileiro nos próximos 25 anos.

Contudo, o país enfrenta ainda obstáculos importantes:

. Dependência de tecnologia estrangeira para refino e purificação dos minerais;

. Burocracia regulatória e dificuldades no licenciamento ambiental;

. Infraestrutura limitada nas regiões de exploração;

. Necessidade de práticas sustentáveis e governança eficaz para envolver comunidades locais.

Geopolítica e mercado global

As terras raras são essenciais para componentes de alta tecnologia, veículos elétricos, turbinas eólicas, defesa nacional e eletrônicos. Diante da concentração da cadeia produtiva em países como a China, os Estados Unidos, União Europeia e Japão já demonstram interesse em parcerias com o Brasil para diversificar suprimentos.

Fonte: g1.globo.com