Na madrugada deste domingo, pousou no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, um avião bastante raro em todo o mundo nos dias de hoje: o Boeing 747-300. Operado pela empresa estatal bielorrussa TransaviaExport, o grande jato voou ao Brasil com o objetivo de trazer uma carga de eletrônicos e produtos em geral da China.
A razão pela qual uma empresa estatal bielorrussa foi escolhida para tal voo não foi divulgada. Essa empresa aérea é sancionada nos Estados Unidos e, portanto, poucos podem ou querem fazer negócios com ela, já que isso implicaria em perder a capacidade de fazer negócios com os norte-americanos. De toda forma, não é uma empresa sancionada no Brasil.
Segundo mostram dados das plataformas de rastreamento de voos e também as câmeras instaladas no aeroporto de Guarulhos, o voo TXC-9455 pousou 1h16 da madrugada na pista 09R e estacionou no Pátio 7, um local bem pouco usual para voos cargueiros de entrada, que geralmente se dirigem ao terminal de cargas.
É desconhecido o motivo pelo qual o avião seguiu para aquela posição “escondida” de parada, considerando que o tráfego cargueiro em Guarulhos de sábado para domingo é bastante escasso. Infelizmente, por mais raro que possa ser a aeronave, ela acaba ficando fora da vista da maioria dos entusiastas e curiosos (ver imagem abaixo onde fica o local).
O avião chegou com um dia de atraso e a decolagem deve ocorrer na madrugada de segunda-feira, segundo programação atualmente disponível (note que pode sofrer alteração, já que esses voos mudam frequentemente os horários).
O raro Boeing 747-300
Foto por Indian Spotter via Twitter
Esse modelo do Boeing 747-300 teve apenas 81 unidades produzidas: 56 da versão normal de passageiros, 21 da versão 300M (Combi – carga e passageiro) e 4 da versão SR japonesa, que tinha menor alcance mas permitia configurações densas de até 584 assentos e seria usada nas rotas domésticas do Japão.
No Brasil, a VARIG teve cinco jatos do modelo entre 1985 e 2000.
Atualmente, no mundo, são raríssimos os aviões do modelo ainda voando, sendo possível contá-los nos dedos de uma mão. Um deles é o jato da bielorussa TransaviaExport Cargo, de matrícula EW-465TQ, que foi o último 300 a ser produzido, entregue originalmente para a belga Sabena como um modelo Combi.
Essa aeronave tornou cargueira pura em 2000, quando foi comprado pela Atlas Air. Desde então passou por várias aéreas até achar sua atual casa em Minsk, na Bielorússia, em 2016. Sua rotina hoje compreende voos na Eurásia e principalmente na região do Mar Negro.
Empresa discorda das sanções
Uma curiosidade desta empresa é que ela é banida dos Estados Unidos. Uma publicação do Departamento do Tesouro Americano, datada de dezembro de 2021, diz o seguinte sobre a companhia aérea:
“A OFAC também está sancionando a JSC Transaviaexport Airlines (Transaviaexport), uma transportadora de carga controlada pelo Governo da Bielorrússia que enviou milhares de toneladas de munição e armas para zonas de conflito estrangeiras, como na Líbia”.
Em seu site a empresa diz não concordar com as sanções. “A adoção de medidas sancionatórias em relação às atividades da JSC Transaviaexport Airlines e de suas aeronaves Il-76 são desarrazoadas e não correspondem à realidade quanto à participação da companhia aérea em qualquer tipo de transporte aéreo proibido na aviação civil ou em violação o procedimento estabelecido e as regras para as atividades de aviação. É uma medida inaceitável que mina a autoridade do sistema de aviação civil internacional”.
A outra curiosidade é que sua frota é composta por cinco Ilyushin IL-76 e um Boeing 747-300.
Aeroin
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