Fungo amazônico capaz de degradar plástico pode ser a chave no combate à poluição

Pesquisadores da Universidade de Yale descobriram um fungo da floresta amazônica equatoriana, identificado como Pestalotiopsis microspora, com capacidade inédita de decompor plástico de poliuretano, mesmo em ambientes sem oxigênio — como camadas profundas de aterros.

Desvendando o “fungo que come plástico”

Durante uma expedição à Amazônia equatoriana em 2011, estudantes encontraram o microrganismo em troncos e folhas de plantas. Esse fungo mostrou-se capaz de metabolizar poliuretano — um tipo de plástico rígido de difícil reciclagem — mesmo em condições anaeróbicas.
A descoberta foi publicada em Applied and Environmental Microbiology anos depois.

Potencial para biorremediação

Os cientistas isolaram a enzima responsável pela degradação e verificaram que o fungo se adapta a ambientes com pouco ou nenhum oxigênio, tornando-o um forte candidato para uso em aterros e locais controlados para tratar resíduos poliméricos.

Cenários mais amplos: outros fungos e aplicações

Vários estudos recentes apontam que outras espécies também possuem enzimas capazes de “comer” plástico — inclusive fungos marinhos e terrestres. Experimentações com cepas de Aspergillus e outros gêneros demonstraram degradação de plásticos como PP (polipropileno), PET e PVC, especialmente quando resistidos previamente a luz ultravioleta ou tratamento químico.

Pesquisas na Alemanha identificaram quatro cepas de fungos que degradam poliuretano de forma eficiente, mesmo em laboratório. O desafio, porém, é adaptar essas soluções ao ambiente real com segurança e eficiência.
Na costa do Havaí, fungos marinhos foram isolados e treinados para aumentar sua capacidade de consumo de plástico — mais de 60% das cepas testadas mostraram atividade, e algumas aumentaram a taxa de degradação em até 15% em poucos meses.

Limites e perspectivas futuras

Apesar do potencial, ainda há muitos obstáculos antes de qualquer aplicação em larga escala:

. Conhecimento limitado sobre quais fungos degradam cada tipo de plástico com eficiência;

. Necessidade de otimizar condições (temperatura, nutrientes e controle ambiental);

. Questões éticas e ambientais quanto ao uso de organismos vivos;

. Possíveis efeitos indiretos, como produção de microplásticos ou toxinas durante o processo.

Mesmo assim, o Pestalotiopsis microspora representa um avanço importante — o primeiro fungo capaz de degradar poliuretano em ambiente anaeróbico, abrindo caminhos para biorremediação em locais onde outros organismos não sobrevivem.

Fonte: eduvem.com