Negócio de US$ 1 milhão visa estimular segmento de financiamento coletivo e ampliar serviço para a América Latina
A empresa de crowdfunding Abacashi anunciou, nesta semana, a compra da plataforma brasileira Sharity por US$ 1 milhão (o equivalente a R$ 5 milhões). O objetivo, com o negócio, é se tornar a maior plataforma do setor de financiamento coletivo no Brasil.
Desde que foi criada, em 2017, a Abacashi faturou cerca de R$ 60 milhões, sendo que 50% do faturamento vem de projetos e causas pessoais, enquanto a outra metade de projetos B2B. Com a fusão, a companhia espera faturar nos próximos três anos mais de R$ 600 milhões.
Apesar de conseguir se estabelecer três anos antes da pandemia, a empresa deu um salto justamente após a Covid-19. Segundo dados da plataforma, o número de usuários passou de 150 mil no período pré-pandêmico para 1 milhão até o momento.
A fusão entre as duas empresas foi acordada entre os empresários franceses e residentes em São Paulo há mais de 10 anos, Dimitri Mussard e Nicolas de Virieu, sócio-fundadores do Abacashi, e os brasileiros Gustavo Henriques e Thiago Balducci, fundadores da Sharity.
Os empresários brasileiros disseram que viram uma oportunidade na pandemia de crescimento de mais de 500% da empresa nos projetos financiados de maneira coletiva.
De forma simples, certificada, apoiada por relatórios de impacto e integrada a vantagens fiscais que poderão ser a base de qualquer estratégia alinhada aos critérios ESG, as empresas poderão criar formas inéditas para poder contribuir com os principais objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, gerando além de toda essa transformação relatórios de impacto e certificações, explicou Gustavo Henriques, sócio fundador da Sharity.
Já Dimitri e Nicolas, da Abacashi, disseram que a aquisição ocorre em um momento importante para investir em potências e recursos brasileiros, para os financiamentos coletivos e que tem por objetivo uma real mudança no impacto social do país.
A dupla ainda destacou o intuito de ampliar a ferramenta por toda a América Latina, e não descarta novas fusões.
Nosso objetivo é criar a melhor plataforma de crowdfunding de impacto da América Latina e liderar o caminho para que empresas tenham uma poderosa ferramenta para viabilizar ações alinhadas aos critérios ESG, com certificação e dados comprobatórios, afirmou a dupla.
Temos planos de novas aquisições, mas desta vez fora do Brasil, queremos conquistar a América Latina, completaram.
Principais causas escolhidas pelos brasileiros
Segundo o Brasil Giving Report 2021, relatório que analisa o comportamento de doadores no país, o número de doações caiu após o surgimento da Covid-19, mas as contribuições para combate à pobreza aumentaram.
Os dados divulgados pela última pesquisa, que contempla o ano de 2020, aponta que 72% dos brasileiros realizaram pelo menos uma doação nos últimos 12 meses. O número é mais baixo do que o registrado no relatório anterior, que engloba o ano de 2019, no qual 78% dos entrevistados afirmou ter contribuído de alguma forma no período.
A causa mais popular continua sendo a religião. Entre o total, 43% dos doadores contribuiu para a Igreja ou alguma outra organização religiosa. Na pesquisa anterior, esse número era de 49%.
No caminho inverso, causas relacionadas ao combate à pobreza tiveram alta na preferência dos brasileiros desde o início da pandemia.
O Brasil Giving Report 2021 destaca que causas relacionadas ao tema subiram de 30% em 2019 para 37% em 2022.
Já o tópico “crianças e Jovens”, que gozava antes de 39% das preferências, passou nesta última edição do relatório para 32%.
Métodos de pagamento
O dinheiro ainda é a forma mais popular de doação, mas a proporção vem diminuindo. Segundo o Brasil Giving Report 2021, mais pessoas estão doando online por meio do banco ou cartão de crédito.
A pesquisa destaca que essa tendência provavelmente foi exacerbada pela pandemia, pois três em cada cinco (59%) adultos dizem evitar usar dinheiro por causa da Covid-19.
Mudanças em razão da pandemia
A pandemia, de fato, mudou o perfil de doações no Brasil. Dois terços (67%) dos entrevistados responderam diretamente à pandemia com atividades de doação, sendo que pouco mais de um terço (37%) disse que doou dinheiro ou bens para organizações da sociedade civil (OSCs) ou serviços comunitários.
A pandemia também colocou em destaque o papel que as empresas desempenham na sociedade. O relatório aponta que 53% das pessoas concorda que as empresas apoiaram as comunidades no país durante a pandemia, mas uma proporção maior (73%) acredita que elas deveriam ter feito mais.
Além disso, quatro em cada cinco (80%) brasileiros acha que o governo deve colaborar com as OSCs, e mais de três em cada quatro (77%) acredita que o governo deve oferecer apoio financeiro às que estão em risco de colapso.
Perfil dos doadores
Durante a crise sanitária mundial, todas as faixas etárias e gêneros acabaram respondendo à crise, embora a maneira como as pessoas responderam varie conforme a idade, de acordo com a pesquisa.
Aqueles com mais de 55 anos (30%) se destacaram como mais propensos a doar dinheiro para amigos, familiares ou pessoas em sua comunidade local — mais que o dobro ao comparar com os entrevistados entre 18 e 24 anos (13%).
Já os adultos mais jovens lidam melhor com as OSCs, sendo que 22% entre 22 e 34 anos realizou alguma contribuição, contra 10% da população entre 45 e 54 anos.
Eles também utilizam mais as mídias sociais para apoiar os outros (13% entre 18 e 24 anos contra apenas 6% em relação àqueles com mais de 55 anos).
No total, 7% usaram um serviço beneficente oferecido durante a pandemia da Covid-19, sendo a região Norte do Brasil a que provavelmente mais precisou (14%).
CNN
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