Guerra dos chips: mercado da China sofre com restrições dos EUA

Os bloqueios impostos pelos Estados Unidos para que a China seja impedida de importar chips mais avançados ou adquirir os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores já têm apresentado resultados. Dados divulgados por Pequim apontam que as importações de chips semicondutores caíram 22% em 2023 em relação ao mesmo período do ano anterior. Enquanto as importações de equipamentos para fabricação dos produtos diminuíram 23%, em meio ao que tem sido chamado de a guerra dos chips.

Chineses sob pressão

Diversas empresas chinesas dizem que estão lutando para obter componentes e máquinas essenciais para manter a produção de chips no país.
Neste mês, a Inspur, maior fabricante chinesa de servidores usados para desenvolver inteligência artificial, emitiu um alerta aos investidores.
Citando a redução na oferta, a empresa disse que está adotando todas as medidas necessárias para garantir o acesso aos semicondutores, e estimou que as restrições podem gerar um impacto de 30% em sua receita.
A Yangtze Memory Technologies é outro exemplo.
Principal fabricante de chips de memória da China, ela fez um apelo para que os fornecedores entreguem os produtos que já haviam sido comprados.
“Não podemos obter os componentes que compramos legalmente”, disse Nanxiang Chen, presidente e presidente-executivo interino da YMTC.

Confira o valor das importações de chips pela China, em bilhões de dólares, no período entre janeiro a maio de cada ano:

Dependência do mercado externo

Os números também apontam que o mercado doméstico chinês não está dando conta da demanda.
“Os controles parecem estar tornando mais difícil e mais caro para a China obter certos insumos”, disse Emily Benson, pesquisadora sênior especializada em comércio e tecnologia do think tank Center for Strategic and International Studies.
Apesar dos investimentos pesados na área, que podem demorar anos para dar os frutos esperados, Pequim ainda é dependente da importação de peças de Taiwan, responsável por cerca de 40% da queda nas importações de chips da China durante os primeiros cinco meses do ano.
E também da Coreia do Sul, lar da Samsung e que responde por quase um terço de todos os chips importados pelos chineses.

Impactos no setor de IA

O objetivo das sanções impostas pelos Estados Unidos, que também obrigam empresas estrangeiras a sufocar o mercado chinês, é impedir o avanço da China no setor tecnológico.
Pequim pretende liderar o mercado mundial de IA até 2030.
O banco UBS disse que espera que a demanda global por produtos de IA atinja US$ 300 bilhões, mais de R$ 1.4 trilhão, até 2027, contra US$ 28 bilhões, cerca de R$ 133 bilhões, no ano passado.
Enquanto isso, gigantes da tecnologia dos EUA, como Microsoft, Google e Amazon estão injetando bilhões na tecnologia.

Importância dos chips semicondutores

Nos últimos anos, os chips semicondutores se tornaram uma força vital da economia moderna e o cérebro de todos os dispositivos e sistemas eletrônicos, de iPhones até torradeiras, data centers a cartões de crédito.
Um carro novo, por exemplo, pode ter mais de mil chips, cada um gerenciando uma operação do veículo.
Os semicondutores também são a força motriz por trás das inovações que prometem revolucionar a vida no próximo século, como a computação quântica e a inteligência artificial, como o ChatGPT, da OpenAI.

Vídeo complementar:

A máquina do fim do mundo

https://www.youtube.com/watch?v=DFQ07AhVG5c