‘Ne Zha 2’: animação chinesa se torna maior bilheteria de animação de todos os tempos

A animação chinesa Ne Zha 2 se tornou a maior bilheteria da história feita em um único país, ao ultrapassar a marca do US$ 1 bilhão em arrecadação só na China. O filme também é o primeiro lançamento de 2025 a entrar para o clube do bilhão e também o primeiro filme a conseguir o feito sem estrear nos Estados Unidos.

Em apenas 12 dias em cartaz no território chinês, o longa de Yang Yu desbancou o recorde feito por Star Wars: O Despertar da Força, que em 2015 chegou a US$ 936,7 milhões nos EUA em sua carreira completa no país. A animação também foi lançada na Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Canadá, no meio de fevereiro. Não há previsão para que Ne Zha 2 chegue ao Brasil.

“Ne Zha 2” já é a maior bilheteria de animação de todos os tempos, ganhando de “Divertidamente 2”. E está prestes a ultrapassar “O Rei Leão” para entrar no Top 10 das maiores bilheterias da história do cinema. Esta sequência, baseada na mitologia chinesa, conseguiu captar a atenção do público mundial, tornando-se um marco na história do cinema animado.

Lançada em um número limitado de salas na América do Norte, Ne Zha 2 demonstrou que conteúdo culturalmente rico e visualmente atraente pode competir com as grandes produções de Hollywood. Seu êxito se deve em grande parte à sua forte conexão com a cultura chinesa e à sua capacidade de ressoar com o público local, impulsionando sua popularidade a níveis sem precedentes.

O que torna a animação Ne Zha 2 tão especial?

A história de Ne Zha 2 foca em um menino demônio que busca reviver seu amigo, o príncipe dragão Ao Bing. Essa narrativa, inspirada na mitologia chinesa, oferece uma mistura de ação, simbolismo e gráficos impressionantes que têm capturado a imaginação dos espectadores. O filme é uma continuação de Ne Zha, lançado em 2019, que já havia estabelecido uma base sólida de seguidores.

O sucesso de Ne Zha 2 não se deve apenas ao seu conteúdo, mas também ao momento de seu lançamento. Estreada durante as férias do Ano Novo Lunar, a animação se beneficiou de um aumento na ida aos cinemas, um fenômeno cultural na China. Além disso, o boca a boca positivo e o apoio das autoridades locais e empresas têm contribuído para o seu sucesso contínuo.

O sucesso internacional de Ne Zha 2

Apesar de seu lançamento limitado no Ocidente, Ne Zha 2 obteve um impacto significativo no mercado internacional. Na Europa, por exemplo, quebrou recordes ao se tornar o filme chinês mais lucrativo em duas décadas. Esse feito destaca o crescente interesse pelo cinema chinês e seu potencial para atrair audiências globais.

A distribuidora CMC Pictures anunciou planos para uma versão dublada em inglês, o que poderia aumentar ainda mais seu alcance internacional. Com estratégias de marketing direcionadas e um orçamento maior, Ne Zha 2 poderia consolidar sua posição no mercado ocidental, desafiando a hegemonia das produções de Hollywood.

O futuro do cinema chinês no cenário global

O sucesso de Ne Zha 2 pode marcar um ponto de inflexão para o cinema chinês no cenário global. Com a possibilidade de restrições a filmes de Hollywood na China, as produções locais poderiam ganhar ainda mais destaque. Isso não apenas beneficiaria a indústria cinematográfica chinesa, mas também diversificaria as opções de entretenimento para o público mundial.

Em resumo, Ne Zha 2 demonstrou que animações chinesas podem competir a nível internacional, oferecendo histórias ricas em cultura e visualmente deslumbrantes. Seu sucesso pode inspirar outros cineastas a explorar narrativas locais com potencial global, abrindo novas oportunidades para o cinema mundial.

Assista NeZha 1 neste link: https://weifansub.com.br/2025/02/22/ne-zha/

Retratado de diferentes formas em livros, filmes e animações, Ne Zha é um nome bastante familiar para os chineses. Ele faz parte da mitologia chinesa e citado em livros clássicos como “Investidura dos Deuses” e “Jornada para o Oeste”.

A história de Ne Zha

Sua história, segundo a lenda budista, começou mais de 3.000 anos atrás, no nordeste da China, na Dinastia Shang (618-907). Conta-se que Li Jing, um estrategista militar, esperava ansiosamente o nascimento de seu terceiro filho. Não foi uma gravidez normal, pois sua esposa, Lady Yin, ficou grávida dele por três anos e meio.

Yin sonhou com um imortal taoísta dizendo que uma criança “especial” estava sendo concedida a ela, cujo nome seria Ne Zha (哪吒). Na hora de nascer, em vez de um bebê normal, surgiu uma grande bola de carne. Preocupado com essa ocorrência incomum, Li Jing, suspeitando da presença de um demônio, atingiu a bola com sua espada. Para sua surpresa, um garoto totalmente formado saltou para fora, cumprimentou seus pais confusos e exibiu um extraordinário grau de autoconsciência e agilidade.

Pouco tempo depois, o imortal Taiyi Zhenren procurou os pais para explicar que o garoto era uma criança divina e destinada à grandeza. Reconhecendo seu potencial, Zhenren tomou o menino como seu discípulo, preparando o cenário para o desenvolvimento das habilidades sobrenaturais e deu a ele um instrumento mágico – a Roda Cósmica.

Ficou evidente que Ne Zha tinha poderes extraordinários, como uma superforça. Ele cresceu muito rápido, tornando-se um adolescente com pouco tempo de vida. Segundo a tradição, na verdade ele é uma divindade e protetora do Dharma (verdade). Sua trajetória é associada com sacrifícios, mas também com rebeldia.

História mais famosa

Entre as muitas histórias atribuídas a ele está o ocorrido num dia em que decidiu tomar banho no mar para se refrescar. Ali encontrou Ao Bing, filho do rei dragão do mar do Leste: Ao Guang. Durante uma brincadeira, Ne Zha matou Ao Bing sem querer. Ao Guang ficou irado e exigiu retribuição, ameaçando inundações catastróficas sobre a terra se a justiça não fosse feita.

Diante do poder esmagador dos dragões, Li Jing foi forçado a negociar com o rei do mar do Leste. A situação aumentou quando as tropas do dragão entraram em conflito com Ne Zha, que usou seus poderes para derrotá-los.

Percebendo que sua existência havia se tornado uma fonte de problemas para a família, Ne Zha tomou a decisão de se sacrificar para salvar sua comunidade. Cometeu suicídio e desmembrou seu corpo como um meio de apaziguar o rei dragão. No entanto, esse ato de deixou a alma de Ne Zha num “limbo” celestial.

Movido pela compaixão, Taiyi Zhenren, interveio e usou raízes místicas de lótus para dar um novo corpo para o jovem. Renascido, com poder renovado e armado com armas divinas, sua reencarnação simbolizava a luta contra destinos injustos.

Popular pela sua personalidade

Em “A Investidura dos deuses”, obra que combina eventos históricos com elementos sobrenaturais, Ne Zha é retratado como uma figura mística e divina. Sua história é mencionada, com variações, em vários textos religiosos taoístas, budistas e folclóricos, destacando o sincretismo que caracteriza grande parte da mitologia chinesa.

O que tornou Ne Zha tão cativante foi sua personalidade alegre e irreverente.

Ele é retratado com vários elementos mágicos, como:

A lança com ponta de fogo: Arma lendária capaz de desencadear chamas poderosas o suficiente para subjugar os demônios.

Rodas de fogo do vento: Rodas presas aos seus pés que lhe concedem a capacidade de voar a velocidades incríveis.

Anel universal ou Roda Cósmica: Vista em sua mão ou ao redor do corpo, simboliza o poder de controlar as forças cósmicas.

Faixa armilar vermelha: Peça com propriedades mágicas, usada para atar ou imobilizar inimigos.

Em alguns retratos, especialmente em adaptações dramáticas e ópera tradicional chinesa, Nezha é mostrado com “Três cabeças e seis braços” – uma manifestação de seu grande poder divino e capacidade de lutar com vários adversários simultaneamente.

Uma curiosidade é que, até hoje, por causa das rodas sob os pés, é considerado “protetor” dos motoristas. Por isso, é comum que profissionais que dirigem caminhões, táxis ou ônibus turísticos coloquem uma pequena imagem de Ne Zha nos veículos para terem uma condução segura.

Luz p’ra nós!

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Jac Jannie

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