Paraíba terá o primeiro computador quântico do Brasil

Matheus Noleto Outubro 3, 2025 3 min read

O estado da Paraíba foi escolhido para abrigar o primeiro computador quântico do Brasil e da América Latina, com um aporte de US$ 10 milhões (cerca de R$ 53,1 milhões), fruto de uma parceria entre os governos estadual e federal.

O equipamento será adquirido de uma empresa chinesa ligada ao China Electronics Technology Group Corporation, com quem o Brasil já tem cooperação em projetos como o radiotelescópio Bingo, instalado no município de Aguiar, no sertão paraibano. Embora a compra esteja confirmada, ainda não há data prevista para que o computador entre em operação.

Objetivos estratégicos e segurança nacional

Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia de João Pessoa, Guido Lemos Filho, a escolha da Paraíba visou garantir que pesquisadores brasileiros possam usar a máquina e desenvolver soluções locais. Ele argumentou que países como Estados Unidos e Canadá impõem restrições ao acesso de determinados algoritmos — um fator que reforça a importância de autonomia nacional.

Uma das motivações centrais para o investimento é a necessidade de antecipação diante das transformações esperadas na segurança digital: criptografia, assinaturas digitais e sistemas críticos podem ficar vulneráveis frente a ataques originados por computadores quânticos mais potentes, caso o Brasil fique atrás nessa corrida tecnológica.

Aplicações e desafios técnicos

Os computadores quânticos operam de forma diferente das máquinas clássicas: enquanto estas lidam com bits (0 ou 1), os qubits podem representar múltiplos estados ao mesmo tempo, o que possibilita cálculos muito mais rápidos para problemas extremamente complexos.

Com esse recurso, será possível avançar em diversas áreas de ponta, como desenvolvimento de medicamentos, química computacional, otimização logística, inteligência artificial e modelagem climática.

Por outro lado, há desafios: o consumo energético de uma máquina quântica é elevado, o que torna o Nordeste, com sua capacidade de geração energética, uma opção interessante para sua instalação.

Dois locais em João Pessoa estão sendo avaliados para abrigar o equipamento: a Estação Ciência e o Parque Tecnológico Horizontes de Inovação. A definição será tomada ainda este ano.

Infraestrutura paralela e política de supercomputação

O projeto quântico coincide com uma iniciativa federal: o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) publicou recentemente a Portaria nº 9.445/2025, regulamentando o Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Sinapad). Essa norma organiza o uso compartilhado de supercomputação entre universidades, institutos de pesquisa e entidades públicas e privadas.

Além disso, foi criado o Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho em Inteligência Artificial (Cenapad-IA), que poderá oferecer infraestrutura de IA ao ecossistema científico e tecnológico do país.

Para integrarse ao Sinapad, centros computacionais devem atender critérios como capacidade técnica, equipe especializada e conexão às redes nacionais de pesquisa, além de reservar pelo menos 25% do tempo de uso para terceiros.

Essa iniciativa coloca a Paraíba e o Brasil em destaque no cenário científico global, ao apostar em uma infraestrutura de ponta que pode catalisar desenvolvimento em áreas estratégicas e reforçar a soberania tecnológica.

Fonte: movimentoeconomico.com.br

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