Pesquisadores resgatam 22 blocos monumentais do Farol de Alexandria para reconstrução virtual

Uma ambiciosa missão arqueológica liderada por pesquisadores franceses, em colaboração com o Centro para Estudos de Alexandria (CEAlex), retirou do fundo do porto oriental da capital egípcia 22 blocos de pedra monumental, cada um pesando entre 70 e 80 toneladas, atribuídos ao antigo Farol de Alexandria — uma das Maravilhas do Mundo Antigo.

Esses blocos incluem vergas e ombreiras de portas monumentais, soleiras e lajes de base, além de um pilar previamente desconhecido com estilo egípcio antigo.

Projeto PHAROS: a reconstrução digital

Os artefatos retirados fazem parte do projeto PHAROS, financiado pela Fondation Dassault Systèmes, cujo objetivo é realizar uma produção digital tridimensional da estrutura original do farol.
Até o momento, mais de 100 fragmentos arquitetônicos submersos já haviam sido escaneados, e agora os blocos recém-recuperados serão incluídos nos modelos virtuais, permitindo hipóteses de montagem e análise da devastação do monumento.

Importância arquitetônica e histórica

Erguido entre 280 a.C. e 246 a.C. sob o reinado dos Ptolomeus, o farol possuía uma estrutura triangular — base quadrada, corpo octogonal e cúpula cilíndrica — com mais de 100 metros de altura, abrigando uma fonte de luz visível a dezenas de quilômetros.

Reconhecido como marco de engenharia e símbolo da era helenístico-egípcia, o farol resistiu por aproximadamente 1.600 anos antes de ruir entre os séculos XI e XV, vítima de terremotos e reutilização de seus blocos em construções como a cidadela de Qaitbay.

Revelações e perspectivas

A recuperação desses blocos oferece uma oportunidade única para estudar tecnicamente elementos de fundação, entradas monumentais e arquitetura helenística que permaneciam submersos ou inacessíveis. Ao modelar cada fragmento digitalmente, os especialistas conseguirão simular condições de construção e colapso do farol com precisão.

Além de trazer luz a aspectos construtivos da antiguidade, o projeto PHAROS permite reviver virtualmente um marco perdido, oferecendo ao público a experiência de visitas históricas imersivas e enriquecendo nosso conhecimento sobre uma das maiores obras da História.

Fonte: revistagalileu.globo.com