De todas as coisas que nos tornam humanos e seres culturais uma das mais importantes e fundamentais é o ritual fúnebre. O reconhecimento da finitude da vida bem como a esperança de que a vida, seja lá o que for, não se resume ao período em que estamos enclausurados no corpo é algo que só nós conseguimos fazer com tamanha complexidade. De Bororo a vietcongue todos nós enterramos nossos mortos.
A parte todo o lance sanitário a visão do cadáver é terrível demais pra se ter no cotidiano. Portanto nós enterramos nossos mortos. Quando o corpo se torna só matéria orgânica e o que o animava e garantia que era uma pessoa já não se encontra mais lá devemos dar um final adequado e afastado do cotidiano para aquele lembrete de que aquilo é o que nos resta. Caso deixemos o cadáver em exposição ele irá putrefazer, gerar vermes e mais vermes, mal cheiros, aparência horrorosa que irá aos poucos minando nossas memórias sobre quem aquela pessoa já foi e atrair moscas que serão as portadoras de novas mortes e consequentemente mais cadáveres.
O ato de enterrar os corpos é quase tão antigo quanto o próprio ser humano. Pesquisadores descobriram cemitérios estimados em 60000 a.C., com chifres de animais sobre os restos mortais, indicando que já existia o ritual de presentear o falecido.
A necessidade de “esconder” os corpos embaixo da terra, ou mesmo de pedras, tinha um sentido diferente do atual: corpos em putrefação atraíam animais. Sendo assim, essa era uma maneira de se proteger dos predadores.
Já o costume de velar os corpos tem outra origem. É provável que esse ritual tenha surgido na Idade Média, quando muitos dos utensílios domésticos, como copos e pratos, eram fabricados com estanho. As famílias com mais posses utilizavam copos desse metal para consumir bebidas alcoólicas, porém, a mistura das substâncias poderia deixar o sujeito “no chão”, causando uma espécie de narcolepsia. Quando encontrado, o corpo era recolhido e colocado sobre uma mesa. Assim, a família fazia uma vigília para ver se o “morto” iria acordar.
O povo hebreu criou o costume de sepultar os mortos, posteriormente adotado pela Igreja Católica.
O sepultamento, diferente do enterro, consiste em colocar o corpo em uma sepultura e não em uma cova.
Os sepultamentos dentro de igrejas eram muito comuns na Europa até que, no século XIV, a peste negra dizimou milhões de pessoas, fazendo com que não fosse possível comportar tantos corpos. Assim, os enterros foram instituídos.
No Brasil, os sepultamentos em igrejas existiram até a década de 20, quando foram construídos os primeiros cemitérios. Antes disso, apenas escravos e indigentes eram enterrados, enquanto os homens livres eram sepultados nas igrejas. Devido a esse costume, era possível “medir” o tamanho de uma cidade pela quantidade de igrejas que ela possuía.
Estima-se que o maior cemitério do mundo é o “Wadi Al-Salaam”, no Iraque, com mais de 5 milhões de corpos.
No Brasil, quem não possui um espaço privado no cemitério é enterrado nas “quadras gerais”. Após três anos, o corpo é exumado e os restos são direcionados a um ossário.
Os valores para a cerimônia de velório e o enterro variam muito de cidade para cidade. O jornal Estado de Minas fez um levantamento na capital e verificou que os preços podem divergir de R$ 3,77 mil a R$ 43,6 mil.
Já o site Crematório Vila Alpina aponta que as cremações custam de R$ 4,5 mil a R$ 9 mil no país.
Enterrar um corpo em terreno privado, e não no cemitério, é considerado crime de ocultação de cadáver.
O funeral com fogueira onde se queima o corpo é uma honra reservada à Reis e Heróis.
O velório, momento onde se vela o corpo por muitas horas, é também um costume de precaução pra garantir que a catalepsia (paralisia do sono) não leve alguém a ser enterrado vivo, o que é um evento bastante conhecido, e muito perturbador.
Interessante, não imaginava que era por isso que as pessoas eram veladas !
Há poucos dias atrás , passei por esse processo de velar e sepultar um ente querido. É conforme foi mencionado na matéria, tem gastos, desgastes , porém necessário que se faça.
Aproveitando o gancho, na bíblia a relatos de ressurreição, por ex: Lázaro … E tbm um texto que diz que todos os que estão em seus túmulos memórias sairão (algo assim) é um assunto intrigante, que requer entendimento para se interpretar .
Já vi até debates religiosos que entram em conflito, sobre o entendimento dessas passagens.
Muito interessante saber sobre a origem do velamento do corpo. E a diferença entre sepultar e enterrar.
Realmente não deve ser nada agradável presenciar um corpo se degradando.
E cada País pode ter uma tradição diferente em relaçao a lidar com esses momentos.
No Japão me surpreendi quando fui a um velório pela primeira vez. Quem ainda segue o costume antigo, vela o corpo em casa, mas com a pessoa deitada em colchonete com cobertor, como se estivessem dormindo, no chão mesmo, como costumam dormir. Há todo um ritual onde depois ele é levado para o crematório, onde se vela mais uma vez, como aqui no Brasil, dentro de um caixão. Cada pessoa presente pega uma flor já preparada e coloca dentro do caixão. Depois o corpo entra na fornalha e todos acompanham. Fecha-se a porta e ouvimos o fogo se acender. Depois todos vão a uma sala onde servem comes e bebes, inclusive cerveja. Familiares mais próximos saúdam os presentes e fazem discursos enquanto o corpo queima, e todos conversando e comendo. Quando termina, todos descem e trazem os ossos (cheiro muito desagradável emana). E cada um pega um pedaço de osso do falecido com “hashis” gigantes e colocam dentro de uma caixa. Depois fecham a caixa e todos acompanham até o templo onde é celebrado uma missa. À partir daí, ou deixam a caixa com ossos no templo ou levam para casa do parente mais próximo.
Bizarro, ao mesmo tempo, uma maneira natural de lidar com a morte.
Todos vão de preto ou com roupa escura. É um grande ritual, enfim.
Desculpem se o relato foi longo, mas achei interessante retratar aqui o que vivenciei e considerei surpreendente.
Obrigada querida Mestra pelo relato, não fazia ideia.
muito interessante, não fazia ideia
Morte morte morte que talvez seja o segredo dessa vida, luz pra nós
Luz pra nós
Impressionante. Cada vez mais aprendendo a respeitar tradições e costumes culturais.
À uns três dias tive essa observação sobre o ato de enterrar mas foi menos lógico nunca havia pensado em sepultamento por essa perspetiva de que o ato ser parecido com um plantio de uma semente que até então parece morta até que abrimos uma cova e colocamos a semente e a semente renasce. Viemos do pó e ao pó retornaremos e então resurgimos do pó que parecia ser o fim, ser o nada…..
Luz p’ra nós!
Luz pra nós
realmente bem interessante mesmo, tirando a questão sanitária é uma pena mesmo sermos obrigados a enterrar os entes queridos em um cemitério repleto de energias alheias, certamente o ritual de passagem no Reino será como o dos Reis e Heróis, que tiveram a força divina pra lutar no sistema atual da injustiça. Luz p’ra nós, obrigada pelos ensinamentos! Se Deus quiser nosso corpo irá nutrir os reinos vegetal, funghi do Reino, e nossa alma retornará o mais próximo possível.
Massa essa matéria. Gratilucifer.
Luz p’ra nós.
Luz pra nós
Matéria super interessante, Luz pra nós!
Luz pra nós 🙏
gostei da informação, Luz p’ra nós!
Luz pra nós
Passei por esse ritual ha 2 dias, na passagem da minha avo. Enquanto estava velando imaginei como seria se ela de repente abrisse os olhos e se levantasse do caixao. Foi triste, era a matriarca da familia. Espero que nao sofra do outro lado, e que sua ressintonizacao de consciencia seja tranquila. Gratidao pela materia, mestre. Luz p’ra nos!
Luz pra nós
Luz P’ra Nós
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Gratidão pelo post! Luz p’ra nós 🙏⚛️💥⚠️✅
Luz p’ra nós!!!!!