Registrado primeiro teletransporte quântico

Cientistas da Universidade de Oxford deram um passo significativo no campo do teletransporte quântico, anunciando a primeira demonstração de computação quântica distribuída, que representa o primeiro teletransporte do mundo. Os avanços na computação quântica, embora ainda pareçam futuristas, já estão moldando o presente e o futuro dessa tecnologia.

Com o uso de uma interface de rede fotônica, os pesquisadores interligaram dois processadores quânticos independentes, criando um sistema unificado. Essa inovação viabiliza a resolução de desafios computacionais antes inatingíveis. O novo modelo de computação quântica contorna as limitações de tamanho das máquinas ao conectar pequenos dispositivos via rede, distribuindo o processamento sem restrições.

De acordo com a Universidade de Oxford, a nova arquitetura emprega módulos de qubits de íons presos, interligados por fibras ópticas que transmitem dados através de fótons. Este método permite o teletransporte quântico, possibilitando interação entre sistemas distantes sem a necessidade de deslocamento físico das partículas. Fundado no fenômeno do emaranhamento quântico, duas partículas podem compartilhar o mesmo estado independentemente da distância que as separa. Dessa maneira, a informação de um fóton pode ser transferida instantaneamente para outro fóton emaranhado, sem que a partícula original precise atravessar o espaço.

Em um artigo publicado na revista Nature em 5 de fevereiro, os pesquisadores descreveram como conseguiram teletransportar partículas entre processadores quânticos que estavam fisicamente separados. As partículas quânticas, que são menores que átomos e operam sob regras distintas da física clássica, tornam esse tipo de teletransporte possível, permitindo que a luz transporte informações de forma eficiente.

Os computadores quânticos utilizam portas lógicas, componentes fundamentais para manipular bits e realizar operações. Na computação quântica, essas portas têm a capacidade de executar operações complexas de maneira quase ilimitada. Os cientistas de Oxford conseguiram teletransportar informações entre portas de sistemas distintos, que funcionaram em sinergia para resolver problemas como se estivessem localizados no mesmo espaço. Dougal Main, líder do estudo, explicou que, ao adaptar cuidadosamente as interações, foi possível realizar operações lógicas quânticas entre qubits em computadores quânticos separados. Isso efetivamente unificou processadores quânticos distintos em um único sistema.

A inovação oferece uma solução para um dos principais desafios da computação quântica: a escalabilidade. Tradicionalmente, aumentar a capacidade de um computador quântico exigiria a junção de milhões de qubits em um único dispositivo, algo inviável. Agora, conecta-se pequenos módulos quânticos em diferentes locais, permitindo o desenvolvimento de redes quânticas mais amplas e complexas.

O funcionamento de um supercomputador quântico assemelha-se ao de supercomputadores convencionais, que utilizam múltiplos processadores para tarefas complexas. Na computação quântica, a comunicação entre módulos é realizada por uma rede fotônica, que usa luz para o transporte de dados. Essa abordagem permite atualizações ou modificações nos módulos sem comprometer a operação da rede como um todo.

Esse tipo de teletransporte não apenas elimina limites de distância, mas também melhora a comunicação e o processamento de dados em redes quânticas. No estudo da Universidade de Oxford, duas tecnologias quânticas foram exploradas: fótons, que têm a capacidade única de transmitir dados a longas distâncias, e íons presos, utilizados para armazenar grandes quantidades de informação. A combinação dessas tecnologias demonstrou que sistemas híbridos podem ser eficazes na construção de redes quânticas.

O próximo desafio para os pesquisadores será melhorar a precisão do teletransporte, assegurando que a transferência de informações ocorra com maior exatidão e robustez, minimizando interferências externas. David Lucas, cientista-chefe do UK Quantum Computing and Simulation Hub, observou que o experimento de Oxford confirma a viabilidade do processamento de informações quânticas distribuídas com tecnologia atual, mas aumento da escala continua sendo um grande desafio técnico.

Os cientistas estão trabalhando para reduzir taxas de erro e expandir a capacidade das redes quânticas. Embora a pesquisa de Oxford tenha atingido uma taxa de fidelidade de 86% na transferência de portas lógicas, esforços contínuos são necessários para tornar as operações quânticas ainda mais eficientes, evitando perdas de dados.

A computação quântica tem o potencial de se transformar em uma ferramenta crucial para resolver problemas complexos rapidamente, desde simulações moleculares até otimizações industriais. O impacto dessa tecnologia pode ser comparável à revolução trazida pela internet, transformando indústrias inteiras e criando novas oportunidades de desenvolvimento.

fonte: metropoles

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