Série Álbuns Lendários | Volume I: DOWN – NOLA

Série Álbuns Lendários | Volume I: DOWN – NOLA

É com satisfaçãoinicio esta série de artigos focada em álbuns que, para além do consenso crítico, são verdadeiras lendas em meu gosto pessoal. Não poderíamos ter um ponto de partida mais sólido, visceral e influente: NOLA (1995), o álbum de estreia do supergrupo Down.

“A lama sonora de Nova Orleans condensada em 13 faixas: NOLA é mais que um disco, é um ritual.”

NOLA não é apenas um disco; é a materialização da alma sombria e enlameada de Nova Orleans. É a prova de que, mesmo em meio à fúria do metal, ainda há espaço para o groove, o blues e a alma pesada do rock clássico.

Contexto e Gênese: O Nascimento de um Supergrupo

Para entender por que NOLA soa tão singular, é preciso conhecer sua formação. O Down não é um projeto solo (embora Phil Anselmo seja o vocalista), mas um supergrupo formado por titãs do metal do Sul dos Estados Unidos, que buscavam um som mais lento, pesado e tradicionalmente influenciado pelo Black Sabbath:

O álbum foi gravado em um porão na Louisiana, capturando uma atmosfera crua e autêntica. O título, NOLA (New Orleans, Louisiana), é um aceno direto à cena musical local, unindo a agressão do metal com a melancolia arrastada do sludge e o groove do rock sulista.

A Sonoridade: Peso de Sabbath com Alma de Blues

A genialidade de NOLA reside na sua alquimia sonora, que o torna lendário:

• O Riffing de Keenan: Pepper Keenan injetou no Down um riffing com raízes profundas no rock sulista e no blues. O peso de Black Sabbath é evidente, mas a cadência e a melodia em faixas como “Stone the Crow” e “Lifer” adicionam uma profundidade que o thrash e o groove metal da época não possuíam.
• O Groove de New Orleans: A cozinha (baixo e bateria) é propositalmente arrastada. O álbum abraça o groove em vez de lutar por velocidade, criando um som denso e imponente, que te puxa para o pântano.
• Produção: A produção, embora pesada, é suja o suficiente para transmitir a atmosfera underground de Nova Orleans. O som é orgânico e autêntico, contrastando com a produção mais estéril e polida de muitos álbuns de metal dos anos 90.

A Performance de Phil Anselmo

NOLA é a demonstração mais completa da versatilidade vocal de Phil Anselmo. Longe dos gritos de ódio do Pantera, Anselmo usou o Down para explorar seu lado mais blues, melódico e emotivo.

Em faixas como “Temptation’s Wings” e “Underneath Everything”, ele alterna entre o berro gutural e um canto lamentoso, expressando temas de desespero, vícios e a beleza trágica da vida no Sul. Sua contribuição lírica é crua e pessoal, dando ao álbum uma intensidade emocional que o eleva acima da maioria dos álbuns de sludge metal.

O Legado Imortal

Por que NOLA é um álbum lendário?

1. Definiu um Subgênero: É o álbum definitivo do Southern Sludge/Doom Metal, provando que o peso pode vir da cadência e da atmosfera, e não apenas da velocidade.
2. O Supergrupo Funcionou: Mostrou que músicos de bandas gigantescas poderiam se unir para criar algo que superasse a soma de suas partes, com uma química instantânea e inegável.
3. A Ponte: Ele funciona como uma ponte entre o rock clássico dos anos 70 e o metal extremo dos anos 90.

NOLA é um álbum essencial, um clássico que merece ser redescoberto. Com 13 faixas sem falhas e uma sonoridade que nunca envelhece, ele é a definição de um álbum que, por mérito próprio e impacto duradouro, é verdadeiramente lendário.

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Sobre o Autor

Leandro Quantum

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