Tráfico ordena mudança da Cracolândia

Dudu Souza Março 23, 2022 2 min read

Prefeitura e Polícia comemoram ‘retirada’ feita pelo PCC mas se atentam às novas aglomerações.

“Lá existe uma liderança hierárquica, disciplinada” disse o delegado Roberto Monteiro.

Imagens captadas por drones da Prefeitura de São Paulo apontam que a transferência da Cracolândia para a Praça Princesa Isabel, na madrugada de sábado, 19, foi fruto de uma ação planejada pelo tráfico durante um mês.

Boletins internos do programa Redenção, de atendimento aos usuários, de fevereiro p’ra cá constataram uma expansão significativa no número de barracas montadas na praça. No dia 14 do mês passado, eram 206 barracas e na segunda-feira, 21, 250.

O mesmo monitoramento também revela que com a desocupação da Cracolândia original – entre as alamedas Helvétia e Dino Bueno – a quantidade de pessoas na praça cresceu, o que confirma que o trafico preparou o local. Na média, em fevereiro, a Prefeitura contabilizou menos de 80 moradores de rua fixados no local. No dia 21 de março, foram identificados 292.

O município em alinhamento com a Polícia Civil. Desde junho de 2021, quando a Operação Caronte ( referência ao barqueiro da mitologia grega que carrega mortos-vivos) identificou pequenos traficantes com câmeras escondidas e a Prefeitura barrou a montagem de barracas na região, 92 deles foram presos.

Um relatório da operação mostrou que sem as barracas o processo de dar forma aos traficantes foi facilitado. Já na Praça Princesa Isabel, estruturas em madeira cobrem a venda de drogas, dificultando ações policiais e assistenciais.

A visita do governador João Doria (PSDB) até as obras do novo Hospital da Mulher, em construção na região, impulsionou a movimentação na madrugada de sábado depois de alarmarem uma possível operação policial. O delegado Roberto Monteiro, responsável pela Operação Carontedisse:

A conjugação desses esforços e nossa ação repressiva fez com que o trabalho dos traficantes ficasse impossível. Nós não permitimos mais a montagem de tendas — depois também a de barracas pequenas e até de guarda-chuvas — e eles ficaram sem condições de exercer aquela atividade criminosa que era vender a céu aberto a droga.

Essa determinação comprovou o que falamos há muito tempo: lá existe uma liderança hierárquica, disciplinada, tanto é que os dependentes químicos seguem a liderança do traficante.