Na vasta mitologia nordestina o bando de Lampião e Maria Bonita ocupa um ponto central, como personagens que ajudaram a definir diversos aspectos do imaginário da região e mesmo nacional – vistos como bandidos sanguinários por alguns, mas como heróis por grande parte da população, lutando contra os mais ricos e defendendo a honra e o senso de justiça dos cangaceiros. E se o bando encerrou suas atividades em 1938, quando boa parte de seus membros foi executada pela polícia, dois personagens de um dos mais poderosos grupos banditistas do século 20 sobreviveram para cumprirem uma longa vida: Moreno e Durvinha se conheceram e se apaixonaram no cangaço, se casaram e só vieram a falecer recentemente, já em pleno século 21.
Nascido em 1909 em Tacaratu, no sertão de Pernambuco, Moreno era membro da nação indígena Pankararu. Por conta disso, ele tinha vários conhecimentos oriundos da floresta e realizava feitiços para se proteger e proteger os membros do bando.
A história de Moreno no cangaço
Na juventude trabalhava como barbeiro mas sonhava em se tornar policial. Seu sonho virou do avesso quando foi injustamente preso, acusado de roubar um carneiro, e espancado pelos oficiais na cidade cearense de Brejo Santo: ao ser libertado, matou o homem que o denunciou, que seria o ladrão de fato, e se integrou em seguida ao bando através de Moderno, cangaceiro que era cunhado de Lampião.
No grupo, ficou conhecido como “O Feiticeiro”, pois era bastante místico e carregava sempre consigo um caderno com receitas, magias e orações. Além disso, Moreno fabricava símbolos (como medalhas, patuás e amuletos) que supostamente protegia os bandidos.
Indígenas pankararu, filmagem ‘Os Encantados do sertão‘ YTB, Adornados com simbologia cristã.
Uma vez, Moreno declarou ter produzido patuás tão poderosos que seriam capazes de “fechar o corpo” de seus companheiros. Ele ainda consagrou seus anéis para que eles tivessem sempre miras certeiras na hora de atirar em seus inimigos.
Para Corisco e Gato, os cangaceiros mais perigosos do grupo, Moreno teria realizado um feitiço para que eles pudessem “envultar” (ficar invisíveis) diante do perigo. Ainda assim, ele não pode proteger o chefe: o feiticeiro chegou a declarar que Lampião, por ser muito temente a Deus e devoto de Nossa Senhora, era avesso às suas magias, que eram ligadas a acordos com pequenos diabos. Mesmo assim, Moreno teria colocado um amuleto no chapéu do chefe, para dar o poder de prever o futuro.
Moreno contou que Lampião começou a tomar decisões diferentes quando começou a vestir este chapéu. No entanto, ele devolveu o amuleto ao feiticeiro, que passou a usá-lo. Curiosamente, quando Lampião foi pego e morto junto de seu bando, o líder usava um chapéu novo. Moreno teria escapado da emboscada – em que 11 cangaceiros foram assassinados – justamente por estar usando o adereço.
mortos em uma emboscada em Porto da Folha, Sergipe. Elas foram expostas como troféu na escadaria da Prefeitura de Piranhas, no estado de Alagoas
Já Durvalina nasceu na cidade baiana de Paulo Afonso em 1915, e se juntou ao bando aos 15 anos, por vontade própria, após se envolver com Moderno. Foi nesse contexto que, nos anos 1930, após a morte do cunhado de Lampião, que Durvinha e Moreno se apaixonaram. Os dois permaneceram com Lampião até o fim do bando, derrotado na cidade sergipana de Poço Redondo em 28 de julho de 1938 – em uma das cenas mais emblemáticas do filme “Lampião, o rei do cangaço”, filmado em 1937 por Benjamin Abrahão como único documento a mostrar o bando em movimento, Durvinha caminha em direção à câmera empunhando uma arma: consta, porém que na vida real ela não gostava de atirar.
A velhice de Moreno
Após a queda do “império” de Lampião, Moreno e Durvinha conseguiram escapar e se esconderam na mata: durante a fuga ela deu à luz ao primeiro filho e, após 30 dias de nascimento o bebê foi deixado com um padre para ser criado, já que seu choro poderia denunciá-los em seus esconderijos. Em 1940 o casal conseguiu enfim chegar a Minas Gerais, onde estabeleceram nova vida, mudaram de nomes – ela passou a se chamar Jovina Maria da Conceição Souto e ele, José Antônio Souto –, tiveram cinco outros filhos e, por mais de seis décadas, conseguiram manter o passado escondido de todos, temendo represálias ou mesmo a prisão.
Moreno tinha 100 anos quando morreu, em 2010, em Belo Horizonte. Ele viveu por décadas ao lado de sua esposa Durvinha, que também pertenceu ao grupo do cangaço. O casal teria guardado por setenta anos os segredos do bando – aparentemente, eles tinham medo de ser mortos e decapitados, como aconteceu com Lampião e Maria Bonita. Ao fim da vida, no entanto, eles contaram toda a sua história para um documentário.
Com o fim do cangaço, Moreno e Durvinha se estabeleceram em Minas Gerais e tiveram mais cinco filhos . Durvinha morreu em 2005 e o marido faleceria cinco anos depois.
Antes de morrer, Moreno ainda entregou sua caderneta mágica para pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que hoje guardam seus segredos.
Luz pra nós!
Boa história.
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Caraca, muito bomm Luz pra nós!
Interessante!!! Luz pra nós ✨
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Uau, muito bom. Gostei do filme quando era menor.
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Muito interessante.
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Linda foto de capa 💞
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Que brisa, não sabia!
Muito bom ✅
Brasil rico em cordéis de real vivência de várias culturas 👏🏾👏🏾⚛️
Gratidão por compartilhar 🙏🏾⚛️
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