Este ano de 2019 aparece com recorrência no imaginário especulativo como um ano de “turning point”. ( ponto de mudança da direção ou da posição normal; desvio).
Parece ter sido privilegiado por obras do passado de cineastas, escritores e médiuns que o elegeram como um ano marcante. Os filmes “Blade Runner” e “O Sobrevivente”, o animê “Akira”, as previsões de Isaac Asimov e de Chico Xavier, todos fazem referência a este ano. Quais as razões disso? 2019 será, de fato, o trampolim de uma Nova Era, como astrólogos e esotéricos do mundo inteiro anunciam, ou será uma completa catástrofe? Podemos entender o ano de 2019 como uma espécie de vortex transtemporal? Forças dos acontecimentos anteriores e do futuro estariam se auto-organizando no tempo?
Chico Xavier e os extraterrestres
Em 1971, no programa Pinga Fogo da TV Tupi, o famoso médium brasileiro Chico Xavier anunciou publicamente, com base em suas experiências mediúnicas, que, em 2019, os extraterrestres fariam contato oficial com a Terra. Segundo o espírita, os extraterrestres estariam preocupados com os nossos avanços tecnológicos, a saber, a criação e subsequente explosão da bomba atômica – que é, segundo ele, proibida no universo – e o início da exploração espacial, sobretudo a viagem à Lua em 1969. Xavier explica que foi convencionado pela “comunidade extraterrestre”, naquela época, que os habitantes da Terra ficariam cientes, oficialmente, de que não estão sozinhos no cosmos, no ano de 2019. Ressalta que o contexto desse “primeiro contato” seria algo benéfico, um salto de qualidade para a humanidade. Essa entrevista é bastante popular; está disponível no YouTube e gerou um livro e um documentário homônimos, Data Limite, lançados respectivamente em 2018 e em 2014.
https://youtu.be/x2fhQTfgXSU
Blade Runner: 2019 distópico
Em 1982, foi lançado o filme Blade Runner, drigido por Ridley Scott e estrelado por Harrison Ford. O filme foi baseado em livro do escritor norte-americano Philip K. Dick, sendo um fracasso de público, mas, como filme, tornou-se um cult movie e um dos maiores clássicos do cinema de ficção-científica (chegando a gerar uma continuação, em 2017). Se na obra literária a narrativa se passava em 1992, no filme, ela ocorre em 2019. Blade Runner mostra um futuro distópico, em que androides com Inteligência Artificial forte, ou seja, com consciência – os chamados replicantes – começam uma rebelião contra seu criador por terem prazo de validade determinado; ou seja, os replicantes gostariam de viver mais e desfrutar, com isso, de um livre-arbítrio humano. Entre várias discussões que o filme suscita, uma das mais importantes diz respeito ao estatuto de humano: o que determina nossa humanidade, quais as suas prerrogativas e seus limites.
Isaac Asimov: “computadores móveis de bolso” em 2019
Ao final do ano seguinte, 1983, um dos mais famosos escritores de ficção-científica de todos os tempos, Isaac Asimov, foi convidado pelo jornal canadense Toronto Star para fazer previsões. Asimov escolheu o ano de 2019 como foco para empregar o mesmo intervalo de tempo que houvera entre a data de lançamento do clássico livro 1984, de George Orwell, e o ano em seu título. Asimov foi excessivamente otimista em relação à exploração lunar, mas acertou sobre o uso de smartphones ou “computadores móveis de bolso”, problemas ecológicos etc.
“O Sobrevivente”: reality show em 2019
Em 1987, foi lançado o filme O Sobrevivente (The Running Man), dirigido por Paul Michael Glaser, estrelado por Arnold Schwarzenegger, inspirado em conto de Stephen King. Também situado em 2019, o filme trata de um reality show que dá ao protagonista a possibilidade de obter justiça. O programa se revela uma fraude, na verdade culpabilizou o protagonista para a realização daquele episódio.
“Akira”: a Neo-Tóquio de 2019
Finalmente, em 1988, foi lançado o animê cyberpunk Akira, dirigido por Katsuhiro Otomo, baseado em seu mangá, que fora publicado pela primeira vez em 1982. O animê conta uma história que se passa em Neo-Tóquio, a qual teria sido construída depois de uma criança – Akira, do título – com poderes paranormais, sobretudo a telecinésia, destruir Tóquio, anos antes. Akira está congelado e o aparato militar do governo mantém sob vigília, além dele, outras três crianças com poderes semelhantes. Há uma seita aguardando seu retorno. Tetsuo, membro de uma gangue de jovens motoqueiros, começa a manifestar poderes afins. O militar que coordena as operações com as crianças paranormais enfrenta a burocracia parlamentar; entre os problemas, um político que chefia clandestinamente um grupo de rebeldes, e que está interessado somente em dinheiro e poder. A explicação para os poderes paranormais das crianças, no animê, é a equivalência energia-matéria – explicação essa com verniz animista. O ápice da manifestação da paranormalidade dos personagens gera uma grande explosão em Neo-Tóquio, e é descrita pelo cientista responsável pelo projeto militar como um “nascimento cósmico”.
Existem outros exemplos de filmes que abordam enredos situados em 2019, como o filme A Ilha, de Michael Bay, em que clones são criados para substituir órgãos dos originais; Daybreakers de Michael Spierig, que se passa num mundo onde quase todos se tornaram vampiros e, por isso, fazendas de gado humano eram feitas para evitar a “fome mundial” etc.
Este ano de 2019 aparece com recorrência no imaginário especulativo como um ano de turning point. Vejamos o que a história recente de nossa época traz à reflexão para o agora:
Guerra Híbrida, inteligência artificial, degradação planetária…
Politicamente, há uma guinada mundial para a extrema-direita. O caso dos EUA é o mais influente e o Brasil seguiu a tendência em suas eleições, no ano passado. Teóricos como Andrew Korybko, Pepe Escobar e Wilson Ferreira vêm trabalhando no conceito de guerra híbrida, a saber, a técnica utilizada pela inteligência judaica (mossad) para sabotar um mundo multipolar sem entrar necessariamente em guerra com armas. A guerra híbrida possui três fases básicas: 1) mobilização das massas de um país pelas redes sociais, 2) derrubada do governo e 3) eleição de um governo escolhido pelos norte-americanos. Síria, Ucrânia, Brasil e a França têm sido atravessados pela guerra híbrida na última década, e ainda são.
A China e os EUA estão em grave desacordo comercial, o que pode gerar conflitos ainda maiores. Uma provável interferência dos EUA na Venezuela, com possível ajuda do Brasil, pode gerar um conflito de ambos com a Rússia. Além disso, os EUA vêm endurecendo a sua política interna – a prática chamada shutdown – para construir o muro na fronteira com o México.
A economia mundial acumula uma progressiva concentração de renda, o que, historicamente, é associado à ocorrência de guerras civis. Especula-se que a crise de 2008 vá ser sucedida, muito em breve, por uma outra, ainda pior, cujo início pode já estar acontecendo devido às quedas das ações da Apple – uma das empresas mais rentáveis do mundo – em função da drástica diminuição de vendas do iPhone na China e de uma queda menor na vendas das novas versões do produto no resto do mercado.
No campo tecnológico, há a presença quase onipresente, mesmo entre a população de baixa renda, de smartphones e, consequentemente, da internet e das redes sociais. Há uma crescente tendência de as informações transitarem on-line, sobretudo desde a popularização de serviços de streaming.
No âmbito da Inteligência Artificial, em 2014, pela primeira vez, um computador passou pelo Testede Turing: um programa, produzido pelo russo Vladimir Veselov e pelo ucraniano Eugene Demchenko, enganou seres humanos, fazendo-se passar por um garoto de 13 anos. Em paralelo, nosso cotidiano é atravessado por algoritmos oriundos de programas de Inteligência Artificial do Facebook, Google, Amazon, bancos etc. Em 2017, o governo da Arábia Saudita concedeu cidadania à robô Sophia. A Inteligência Artificial está entranhada em nosso cotidiano e é cada vez mais sofisticada.
Em termos ecológicos, os cientistas alertam cada vez mais enfaticamente acerca da degradação do planeta e de quanto isso já é trágico para o futuro, sendo que a política mundial, seguindo a tendência de extrema-direita, tende a ignorar o problema, chegando a ironizá-lo.
Como vimos, nosso planeta está política, econômica e ecologicamente instável, aproximando-nos a um cenário distópico, ou já nos instalando nele. Em outras palavras, em muitos aspectos, beiramos o futuro previsto no imaginário para 2019. Mas ainda precisamos entender a peculiaridade deste ano. Para isso, recorreremos brevemente a uma filosofia do tempo.
Henri Bergson e o “Vortex Temporal”
O filósofo francês Henri Bergson lançou, na virada do século XIX para o XX, o livro Matéria e memória, em que trata do tempo enquanto um virtual. Com isso, ele argumenta pela existência de um atemporal “abrigando” a multiplicidade dos tempos, em que coexistem passado, presente e um futuro em aberto coexistem. Nosso cérebro seria uma espécie de instrumento de busca no tempo – o que faz com que Bergson se diferencie da neurociência dominante, que afirma estar a memória localizada no cérebro. Segundo Bergson, o tempo percebido é uma duração, uma apreensão determinada e flexível do tempo.
Por exemplo: para ler este texto, o leitor contrai o mínimo de tempo para manter a atenção. Se ele lembra-se do café da manhã, ampliará a duração; para recordar o almoço de ontem, ampliará ainda mais. Se lembra de sua casa da infância, a duração é ainda mais ampla. Ecos do futuro podem ser apreendidos, não como determinação, mas como intuição do que acontecerá. Com isso, Bergson não afirma que o futuro seja pré-determinado, mas, sim, que o presente está “grávido” do futuro. Assim, podem-se apreender certas tendências, nuances do porvir, sem uma precisão absoluta.
Desdobrando a partir do bergsonismo, podemos entender o ano de 2019 como uma espécie de vortex transtemporal, ou seja: as forças que envolvem os acontecimentos de 2019 e de sua durações vizinhas – os anos anteriores e posteriores mais próximos – são auto-organizadas no tempo. Os escritores e cineastas citados captaram algo desse vortex. Assim como Munch, em O Grito, e o expressionismo alemão, como mostra Siegfried Kracauer em De Caligari a Hitler, captaram algo do vortex da Segunda Guerra, que então estava por vir.
O imaginário coletivo culmina nesse ponto, ano de 2019.
Para nós Luciferianos é inevitável transbordar em expectativa. Os sinais são muitos e são claros. Um mundo cada vez mais próximo do colapso promoverá o surgimento de um Reino transcendental.
https://www.escoladelucifer.com.br/apocalipse-comeca-o-reino-luciferiano-rogeriosouza/
https://www.youtube.com/watch?v=mUFdIoXQ0c0&t=0s
https://www.youtube.com/watch?v=lI4ipCZcT-c
https://www.escoladelucifer.com.br/grande-crise-tribulacao/
https://www.escoladelucifer.com.br/no-gordio-alexandre-o-grande-lucifer-e-o-que-nao-estao-falando-sobre-isso-helio-couto/
https://www.escoladelucifer.com.br/linhas-do-tempo-que-se-opoem-tartaria-grecia-egito-etc/
https://www.escoladelucifer.com.br/quem-chega-primeiro-no-reino/
Esplêndida matéria!
Belo Post.
O anime/live-action Akira é top nesse quesito.
Ótima matéria.
Luz p’ra nós.
Gratidão mestre irmão!
Quem chega primeiro no reino?
Quem aprecia um post destes a cada linha! Transcendental, Rogério! Luz pra nós, mestre!
Análise primorosa! Luz pra nós!
O ano promete..
Boa matéria
De fato, nós construímos o futuro a cada pensamento que flui como onda no tecido do espaço tempo. No grande espaço cordas vibrantes de pensamentos se agrupam para criar o sonho sonhado, tornando-se assim a realidade interpretada aqui no meio. Os filmes, assim como os livros são “Profecias” do consciente. É a consciência se expandindo pela a luz que um dia voltará a si mesma para ser compreendida. Incrível matéria! Luz pra nós!
Luz p’ra nós!
rico demais esse post, luz p´ra nós!
Show de bola!!! Luz pra nós
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