Arqueólogos confirmam que poços ao redor de Stonehenge foram escavados por humanos há mais de 4 mil anos

Matheus Noleto Dezembro 9, 2025 3 min read

Pesquisadores envolvidos no projeto de longa duração da paisagem de Stonehenge anunciaram que os poços circulares detectados nos arredores de Durrington Walls e Woodhenge — áreas próximas a Stonehenge — não são formações naturais. Tratam-se de pelo menos 16 grandes fossas construídas intencionalmente durante o Neolítico.

Cada poço chega a aproximadamente 10 metros de diâmetro e até 5 metros de profundidade — dimensões que, segundo os especialistas, tornam esse conjunto o maior monumento pré-histórico já identificado na Grã-Bretanha.

Análises recentes, publicadas em 2025, utilizam técnicas de ponta como datação por luminescência (OSL), geoquímica, estudo de sedimentos e DNA ambiental (sedaDNA) para confirmar a origem humana desses buracos e estimar a idade da estrutura: cerca de 2480 a.C.

Significado e implicações para a compreensão de Stonehenge

O novo achado amplia drasticamente o entendimento sobre o que seria o “complexo Stonehenge”: o monumento de pedras pode ter sido apenas a face visível de uma estrutura ritual e cerimonial muito maior — com poços formando um anel de mais de 2 quilômetros de diâmetro envolvendo Durrington Walls e Woodhenge.

Segundo os arqueólogos, o anel de poços pode ter funcionado como um limite ritual ou simbólico — possivelmente marcando uma zona sagrada, separando espaços de cerimônia, habitação ou enterro.

A vastidão, a precisão do traçado e o esforço exigido para escavar tais fossas mostram o grau de organização e a capacidade construtiva das sociedades neolíticas, desafiando noções antigas de primitivismo cultural dessas comunidades.

O que mudou na arqueologia de Stonehenge

Pesquisas anteriores focavam nas pedras megalíticas e nas famosas valas e círculos de buracos superficiais — como os “Aubrey holes” — atribuídos às fases iniciais do monumento.

Agora, com essas novas evidências dos poços subterrâneos, arqueólogos passaram a enxergar o sítio como parte de um “paisagismo ritual” muito mais complexo — com múltiplas camadas de construção, uso de terra, água, solo e organização comunitária sofisticada.

Em outras palavras: Stonehenge deixa de ser entendido apenas como um conjunto de pedras isoladas, para ser reinterpretado como o núcleo visível de um sistema pré-histórico amplo, que integrava monumentos de madeira, fossas, assentamentos e espaços cerimoniais ou sagrados.

O que ainda permanece como mistério

Apesar de já haver datações e evidências de que os poços são feitos pelo homem, a função exata dessas estruturas não é unânime — hipóteses variam entre fronteira ritual, delimitação de território sagrado, conexão com crenças na “terra dos mortos” ou marcação de um espaço cosmológico.

Também não está claro se todos os poços foram usados simultaneamente, por quanto tempo permaneceram ativos ou se havia subdivisões funcionais (ritual, habitação, sepultamento etc.). A paisagem pré-histórica da região ainda exige novas escavações e estudos.

. Por que a descoberta reorganiza nossa visão sobre sociedades neolíticas

. Revela a capacidade de comunidades anteriores a 2000 a.C. para planejar e executar grandes obras coletivas.

. Mostra que sítios como Stonehenge não surgiam isoladamente, mas como parte de sistemas ritualísticos e urbanos mais amplos.

. Enriquece o entendimento sobre crenças, cosmologia e práticas sociais de povos neolíticos — que lidavam com simbolismos, território e espiritualidade em escala monumental.

Fonte: aventurasnahistoria.com.br

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