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Astrofísico e estrela, Brian May, esse jovem senhor de sorriso fácil e com os cachos mais resistentes do rock and roll – os de Robert Plant já não são os mesmos – chega aos 75 anos nesta terça, 19, sabendo tudo sobre levar pessoas para o espaço. Seja como cientista colaborador da Nasa, doutorado pelo Imperial College, em 2007, seja como guitarrista da banda dos mais de 300 milhões de discos vendidos, o Queen, onde se tornou colaborador definitivo para a existência planetária de Freddie Mercury, May precisa ser lembrado por quem falar de guitarra pelos próximos séculos.
E isso não apenas pelos feitos de sua Red Special, o instrumento que ele mesmo fez enquanto buscava o som dos cristais, mas por seu entendimento daquilo que um guitarrista, ou qualquer criatura que empunhe um instrumento deva procurar. May é um melodista, algo que o distancia de muitos pares mais velozes ou estridentes, e seus solos, da épica We Will Rock You à pós-sessentista Crazy Little Thing Called Love são sempre músicas dentro de outras músicas.
Brian May tem andado melancólico em suas últimas aparições. Numa delas, enquanto tocava seu clássico violão de 12 cordas de aço para reproduzir Love of My Life ao lado da imagem de Freddie Mercury cantando, exibida em um telão e chamada, equivocadamente, de holograma, isso em um show recente realizado no O2 Arena, em Londres, May enxugou duas lágrimas suficientes para que seu “choro” se tornasse notícia mundial. Em outra, ainda mais recente, lançou um single e um vídeo de uma nova música, Floating in Heaven, fofa como uma canção de Paul McCartney (aliás, que parece ter sido feita e cantada pelo próprio). Ao lado do cantor e baixista Graham Gouldman, o cara que tocava na banda 10cc, do love song de Antena 1, I’m Not In Love, e que fez Eric Clapton sair dos Yardbirds depois que o grupo resolveu brincar de popstar e gravar For Your Love, de sua autoria, May juntou suas duas paixões em um momento raro (mas não inédito) de sua carreira: a astrofísica e a música, as duas maneiras de flutuar.
A canção lançada dia 12 de julho nas plataformas digitais, inclui um videoclipe no YouTube e foi inspirada no telescópio espacial James Webb e as primeiras fotos que o aparelho conseguiu enviar para a Terra. May, sensível mais uma vez, escreveu: “Não há nada mais emocionante em um mundo de exploração do que ir a um lugar sobre o qual você não sabe nada. O céu é o limite para o que podemos descobrir”. Apesar de trazer May à cena com uma faixa inédita, o que não acontece todos os dias, a balada está longe de ser um feito. Mas seu solo, lá pelas tantas, chega a ser sublime de tão contido. Ele poderia usá-lo para matar a sede dos fãs que aguardam por material novo enquanto ouvem as reedições de seus dois primeiros discos solos, pós-Queen, saírem entre 2021 e 2022. Mas não. May só toca as notas da melodia, sem frituras, e elas são poucas e desapegadas de qualquer passado mais ambicioso.
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Cofundador do Queen ao lado de Mercury e do baterista Roger Taylor, Brian May é considerado um dos cérebros da engenharia musical do grupo. Desde a formação, em 1970, até a morte de Mercury em decorrência das corrosões físicas provocadas pela Aids, em 1991, ajudou a desenhar o conceito do rock sinfônico ou operístico do Queen feito para um vocalista que tinha uma extensão de voz capaz de ligar notas por quatro oitavas. Depois de uma vendagem de LPs superior aos Beatles, com mais de 300 milhões de cópias pelo planeta, passou por uma depressão pela perda do amigo e fez discos tentando se desvencilhar do Queen. Os anos 2000 lhe renderam muitas homenagens, como a “Medalha da Ordem do Império Britânico”, passada em seu pescoço por Sua Majestade, a Rainha Elizabeth 2ª, e um antigo sonho: defender sua tese de doutorado no Imperial College, em Londres, sobre – e essa vai para quem ainda acha complexa a estrutura de Bohemian Raphsody, “a velocidade radial através de espectroscopia de absorção e espectroscopia doppler de luz zodiacal por meio de interferômetro Fabry-Péro.” Brian May nunca foi desse mundo
Fonte: Folha
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Talentosíssimo. Lpn!
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