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A filosofia sempre lidou com problemas abstratos, sendo muitos deles de difícil falseabilidade. Ao longo da história, filósofos sempre fizeram com que as pessoas pensassem em diferentes questões com o objetivo de ampliar a visão sobre a realidade. Embora muitas dessas “provocações” pudessem ser respondidas de maneira lógica, ou até mesmo fosse possível comprová-las, algumas perduram por muito tempo sem respostas conclusivas.
O problema filosófico em questão foi criado pelo naturalista irlandês William Molyneux. Seu objetivo era refletir sobre a percepção do mundo, a partir de diferentes sentidos.
O Problema de Molyneux
Em 1690, Molyneux enviou uma carta ao filósofo inglês John Locke — conhecido ainda hoje como o “pai do liberalismo e empirismo” —, apresentando um desafio mental. Molyneaux era casado com uma mulher cega, o que o inspirou a pensar sobre a maneira como nosso cérebro compreende o mundo a nossa volta. Na carta enviada a Locke, o naturalista escreveu o seguinte:
Suponha um homem, nascido cego e agora adulto, que aprendeu pelo toque a distinguir entre um cubo e uma esfera do mesmo metal e do mesmo tamanho, de modo a dizer, quando ele sente uma ou outra, qual é o cubo e qual é a esfera. Suponha então que o cubo e a esfera sejam postos sobre uma mesa e o homem cego possa agora ver. Pergunta: Se apenas por sua vista, antes de tocá-las, ele poderia agora distingui-las e dizer qual é o globo e qual é o cubo?
Na mesma carta, Molyneaux oferece uma resposta. Ele afirmara que ter o conhecimento prévio pelo toque, não iria permitir que uma pessoa pudesse compreender o objeto da mesma maneira pela visão.
Na sua resposta ao problema, Locke afirmou que “o homem cego, à primeira vista, não seria capaz, com certeza, de dizer qual seria a esfera e qual seria o cubo, se ele apenas olhasse para eles, mesmo que ele pudesse infalivelmente nomeá-los pelo toque e certamente distingui-los pela diferença sentida em suas formas”.
A questão central reside no dilema: até que grau uma pessoa consegue relacionar a natureza de um sentido com a natureza de outro? Para as pessoas que enxergam, a visão e o tato estão relacionados desde o nascimento, passando a impressão que a natureza de ambos os sentidos estão conectadas intrinsecamente. Porém não é possível afirmar isso com certeza. Refletir sobre esse problema exige bastante abstração.
Para o filósofo George Berkeley, contemporâneo à discussão, a relação entre a forma enquanto considerada pela visão e a forma enquanto considerada pelo tato é algo que se aprende somente pela experiência. Intrinsecamente, observar a redondez e sentir a redondez nada possuem em comum. Um homem nascido cego, que tenha aprendido a distinguir um cubo de uma esfera pelo toque, não será capaz, se de repente passar a enxergar, de dizer somente pelo olhar qual dos dois objetos em uma mesa diante de si é um cubo e qual deles é uma esfera. Assim afirmava Berkeley, nisso seguindo Locke.
Essa foi uma discussão bem ligada ao debate ‘racionalismo x empirismo’ – debate esse que marcou o período desses filósofos. Locke e Berkeley foram dois dos grandes empiristas. É possível dizer que os empiristas tendem a responder ao problema no mesmo sentido que Locke e Berkeley, enquanto os racionalistas tendem a responder que é possível o indivíduo relacionar os sentidos de forma que consiga ter certeza de qual forma é qual (mas é isso não é uma regra, até por que em filosofia não existem generalizações rsrs).
Tentativas de solucionar o problema
Esse problema filósofico pode ser experimentado na prática, nos fazendo ter conclusões mais acertivas, ao contrário de outros problemas são de base teórica somente.
Em 1963, houve um teste: um homem que recuperara sua visão depois de um transplante de córnea foi imediatamente capaz, a partir da experiência de sentir os ponteiros de seu relógio de bolso, de dizer as horas pela observação visual. A partir desse teste, a visão dos três filósofos em questão parece ser falsa.
Em 2011, a dupla Richard Held e Pawan Sinha, dois pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), liderou um experimento chamado Projeto Prakash. Nele, um grupo de crianças e adolescentes nascidos cegos congênitos foram operados para restaurar sua visão. Para poder avaliar o Problema de Molyneux de maneira empírica, depois da cirurgia os pacientes receberem brinquedos parecidos com LEGO para brincar.
O teste consistia em pedir para que eles conectassem blocos que estavam diante dos seus olhos, com outros que eles poderiam encostar, mas não ver. O que foi observado é que as crianças não conseguiram transferir o conhecimento adquirido com o tato, para a visão.
No artigo, publicado em 2011 na Nature Neuroscience, Held e Pawan afirmaram que “A nova pesquisa parece mostrar definitivamente que Locke estava certo. O cérebro não consegue entender imediatamente o que os olhos estão captando, e o cego que tem a capacidade de ver não consegue distinguir os dois objetos. Mas ele pode aprender muito rapidamente a fazê-lo”.
Enquanto um experimento é um evidência para um lado, o outro é evidência para o outro lado. Por enquanto não temos uma resposta conclusiva de fato. Alguns podem dizer que o experimento do homem se sobrepõe ao das crianças, já que crianças são menos capazes por natureza. Outros podem afirmar que o resultado do experimento com as crianças é o correto, e que o homem só acertou as horas porque é mais fácil de induzir o horário de um relógio, do que relacionar formas geométricas. Vários pontos podem ser levantados. É possível dizer também que o resultado é relativo: depende de cada pessoa e da situação que ela se encontra. Eu fico com essa última hipótese.
Veja também:
Santo Tomás de Aquino e as 5 vias que provam a existência de Deus
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Portais:
VAMOS AJUDAR NO MERCH – Luz p’ra nós!
creio que foi resolvido o misterio com o experimento das crianças. Muitissimo intrigante.
imagine as tecnologias que podem surgir com aumento da compreensão dos sentidos.
Verdade! Tudo a ver com o Reino quântico!
Luz p’ra nós!
Luz p´ra nós
Luz p’ra nós!
Luz p’ra nós!
berkelei foi muito mal compreendido. quase que tido como esquizofrenia. Nem aquele do video “brio”, o entendeu – e ele è muito bom.
De fato. Ele deveria ser mais valorizado; até pq se aproxima de vários entendimentos aqui da Escola.
Todas, perspectivas, interessantes! Luz p’ra nós!
Luz p’ra nós!
Luz p’ra nós
Luz p’ra nós. Ótimo post irmão, #unebrasil
Luz p’ra nós!
Luz pra nós ✨
Luz p’ra nós!
Luz p’ra nós!
Massa o artigo! Gratidão
Luz p’ra nós
Luz p´ra nós!