O drone mosquito é um pequeno transformer?

Um vídeo publicado pela mídia estatal chinesa no último fim de semana mostra um estudante segurando o que, à primeira vista, parece ser apenas um pernilongo. Mas, ao olhar mais de perto, o “inseto” revela seu verdadeiro propósito: trata-se de um minúsculo drone militar, desenvolvido por cientistas da Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa da China, na província de Hunan.

O dispositivo, com corpo preto, três perninhas finas como fios de cabelo e duas asas lembrando folhas, foi projetado para imitar um mosquito real — mas com uma missão muito diferente: operações de espionagem. Equipado com câmeras e microfones microscópicos, o drone é capaz de captar imagens, sons e sinais eletrônicos, voando com tamanha discrição que pode escapar de radares e até da visão humana.

Segundo o estudante Liang Hexiang, o drone biónico “é especialmente adequado para missões de reconhecimento de informações e operações especiais em campo de batalha”. A tecnologia representa um novo passo na miniaturização de drones e no uso de máquinas autônomas em ambientes onde equipamentos maiores seriam facilmente detectados.

Mas apesar do avanço, o que mais chamou atenção foi o potencial de uso em contextos de vigilância não militar — como espionagem de pessoas ou empresas. A simples ideia de que um “mosquito” pode estar escutando uma conversa ou filmando um ambiente já despertou reações de especialistas ao redor do mundo.

Já devemos pegar em raquetes elétricas?

Mesmo com o impacto visual do vídeo, a realidade desses drones ainda é bem mais limitada do que parece. Sam Bresnick, pesquisador da Universidade de Georgetown, destacou que o uso de drones tão pequenos pode, sim, interessar para “tarefas de inteligência e vigilância em locais onde drones maiores não entram”, como ambientes internos. Mas ele também alertou para os desafios técnicos e logísticos envolvidos.

Já Timothy Heath, pesquisador sênior do think tank RAND, foi direto ao ponto: “Para espionar por longos períodos, seria necessário trocar constantemente os microdrones, recarregá-los e reposicioná-los, além de analisar todos os dados coletados — tudo isso dentro do alcance da pessoa ou empresa-alvo”, afirmou.

Ou seja: por mais assustador que o “mosquito robô” possa parecer à primeira vista, não é preciso sair por aí com aquela raquete elétrica (ainda).

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