No estado indiano de Uttar Pradesh, às margens do rio Ganges, entre as cidades de Agra e Lucknow, se localiza a cidade de Kannauj, que também fica a quatro horas de carro por uma estrada empoeirada a leste do palácio de Taj Mahal, a maravilha de mármore branco construído pelo imperador Mughal Shah Jahan, em memória de sua terceira e favorita esposa.
A imperatriz Mumtaz Mahal morreu em 1631, dando à luz a seu 13º filho. O Taj Mahal é uma homenagem do imperador a esse amor perdido. Mas ele também presenteava sua rainha de outras formas quando viva – lhe dando perfumes caros. Os óleos perfumados – conhecidos na Índia como attars – foram uma das grandes paixões do casal.
Naquela época, a vila de Kannauj era a tradicional fabricante dos perfumes finos que a realeza utilizavam – óleos de jasmim, águas de rosas, raízes de ervas chamadas vetiver, entre outros. Os perfumes de Kannauj eram famosos entre os imperadores mongóis que governaram a Índia por quase 300 anos.
Cerca de 1.300 anos depois, quase metade dos 1,5 milhão de habitantes de Kannauj ainda está envolvida na fabricação de fragrâncias usando os mesmos métodos de outrora. E um dos perfumes feitos na vila, é o de cheiro de algo muito inusitado, o cheiro de chuva, uma cheiro de terra, depois das primeira chuva da primavera. Ele é chamado de Mitti attar.
Sabe aquele cheiro almiscarado e fresco da terra que permeia o ar quando a primeira chuva da estação atinge o chão ressecado? É conhecido como petrichor, um agradável coquetel de compostos químicos perfumados, alguns produzidos por plantas, outros produzidos por bactérias (Streptomyces coelicolor) que vivem no solo. Essas bactérias são os principais contribuintes para o cheiro distinto da terra.
Quando morrem durante os períodos de seca, eles liberam um composto chamado geosmina (perfume de terra, em grego), ao qual o nariz humano é extremamente sensível. Mas a geosmina não pode entrar no ar até que as primeiras gotas de chuva respinguem no chão e ejetem as moléculas de geosmina do solo.
Todas as manhãs, os agricultores locais escolhem uma variedade de flores, como rosas, jasmim, champaca, lótus, gardênia e dezenas de outras, e as entregam para mais de duzentas destilarias de perfume que se espalham pela cidade. As flores são misturadas com água e aquecidas em grandes cubas de cobre chamadas degs, num processo de destilação chamado deg bhapka.
O vapor aromático é então transferido através de tubos de bambu para um recipiente contendo óleo de sândalo, que atua como base para o attar. O perfume é então transferido para frascos de pele de camelo, cuja porosidade permite que o excesso de água evapore, prendendo a fragrância e o óleo no interior.
Já o processo de fabricação do mitti attar é semelhante a qualquer outro composto aromático, mas, em vez de pétalas de flores, os degs são preenchidos com tijolos planos de terra seca, uma pitada de água da lagoa próxima e destilados em tanques selados com argila. Leva seis a sete horas para que todo o aroma seja vaporizado da argila.
Por mais que as ofertas de Kannauj sejam únicas, a tradição secular está perdendo clientes lentamente, pois os jovens da Índia estão comprando cada vez mais, os produtos à base de álcool, que são mais baratos, feitos em máquinas modernas. Um frasco de 100 ml de Ruh Gulab (rose attar), por exemplo, custa cerca de 14 dólares, e uma fragrância sintética de rosas, se pode comprar por cerca de 1,50 dólares.
“A maioria dos clientes prefere perfumes e desodorantes modernos. Quando um bom desodorante sintético faz o mesmo efeito em você, por que gastar a mais, comprando um attar?”, questiona Nishish Tewari, dono de uma loja de perfumes em Kannauj.
O aumento do custo de matérias-primas, especialmente o óleo de sândalo, que não é produzido localmente, também está contribuindo para as preocupações dos fabricantes de attar. Outro problema é a falta de padrões. A qualidade do attar depende da qualidade das flores, do momento em que são colhidas e do processo de destilação. Os perfumistas de Kannauj não empregam máquinas modernas durante o processo de fabricação.
Mas há também um lado positivo para a globalização do mercado de perfumes. Muitos fabricantes agora estão online para vender seus produtos, resultando em maior base de clientes. Para alguns fabricantes, mais de dois terços de seus produtos são vendidos para estrangeiros na América, Europa, China, África e Ásia Ocidental. Alguns fabricantes também estão substituindo as formas tradicionais por novos meios, como cilindros de aço em vez de cubas de cobre.
“A fragrância faz parte do nosso dia a dia”, afirma Pampi Jain F. Pragati da empresa Aroma e Oil Destillers. “Escovamos os dentes com pasta de dente com sabor, tomamos banho com sabão perfumado e depois aplicamos perfume. Fragrâncias não sairão de nossas vidas.”
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Bom post.
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Legal o trampo, Luz p’ra nós!
Que legal.
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Muito bom! Luz p’ra nós!
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Que bacana! Esse cheirinho de terra molhada é muito bom!
Muito bom. Que consigam encontrar formas de deixar mais barato pra continuar a cultura.
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Que dá hra! Sabedoria ancestral que perdura até os dias de hj!
Gratidão!
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Legal! Vontade de ter. Luz p’ra nós!
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