
Por que Psicopata Americano é uma comédia escrachada (e por que ninguém percebeu)
O filme Psicopata Americano (2000) é frequentemente visto como um thriller psicológico perturbador, mas sua essência é uma sátira ácida e cômica da cultura yuppie dos anos 1980. A confusão entre o público sobre o tom do filme surge de uma combinação de elementos narrativos, estilísticos e contextuais. Vamos desmontar essa tese:
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1. O roteiro como comédia de humor negro
- A ridicularização do materialismo:
A obsessão de Patrick Bateman por cartões de visita (que ele compara como troféus) e sua rotina de cuidados estéticos (como a cena da máscara facial) são exageros caricatos da vaidade corporativa. A cena em que ele e colegas discutem quem tem o cartão mais “sofisticado” é uma paródia da competição vazia por status . - Diálogos absurdos:
Frases como “Preciso devolver umas fitas de vídeo” (usada como desculpa para fugir de situações) ou “Hip to be Square” tocando durante um assassinato com serra elétrica são ironias tão óbvias que beiram o nonsense. A trilha sonora pop dos anos 80, contrastando com cenas violentas, reforça o tom de humor negro . - A falta de consequências:
As mortes cometidas por Bateman são tão absurdas (como explodir um carro de polícia ou esfaquear um colega em plena luz do dia) que desafiam a lógica realista. A ambiguidade do final — onde os crimes podem ser imaginários — é uma piada sobre a incapacidade da sociedade de enxergar a violência que alimenta .
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2. Por que o público levou a sério demais?
- A estética realista:
A direção de Mary Harron e a atuação hiper-realista de Christian Bale (que mergulhou no personagem com intensidade quase teatral) criaram uma ilusão de seriedade. A câmera fria e os closes em Bateman durante monólogos psicóticos dão um ar de gravidade ao caos . - A recepção polêmica do livro:
O romance original de Bret Easton Ellis (1991) era gráfico e violento, gerando controvérsias. O filme, ao adaptar o material, manteve a aura de “tabu”, fazendo o público esperar um horror cru — e não uma sátira . - A incapacidade de reconhecer o absurdo:
A geração atual, imersa em uma cultura de memeificação, ressignificou Bateman como um ícone “sigma male”. Suas frases (“Eu simplesmente não estou aqui”) e poses narcisistas foram divorciadas do contexto cômico, virando símbolos de autossuficiência tóxica .
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3. A identificação doentia com Bateman: “Literalmente eu”
- O fascínio pelo superficial:
A estética clean de Bateman — ternos impecáveis, apartamento minimalista — e sua aparente “disciplina” (rotinas de skincare, dieta rigorosa) são fetichizados como ideais de sucesso, ignorando que o filme os usa para criticar a vacuidade do consumismo . - A romantização da psicopatia:
A frieza emocional de Bateman é interpretada como “controle”, não como sintoma de desumanização. A cena em que ele admira o próprio reflexo no espelho durante o sexo, por exemplo, é uma crítica à auto-objetificação, não um manual de sedução . - A negação do ridículo:
O público prefere enxergar Bateman como um anti-herói complexo a admitir que ele é uma caricatura. A piada está justamente em sua incompetência: ele não consegue matar um cachorro, confunde nomes de colegas e chora ao ser ignorado .
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Crítica final: O perigo de levar a sátira a sério
Psicopata Americano não é um manual de como ser um “homem de sucesso”, mas um espelho deformado de uma sociedade que já era grotesca. Quem se vê em Bateman está, ironicamente, replicando a mesma cegueira satirizada no filme: a obsessão por status, a falta de autocrítica e a incapacidade de rir da própria decadência.
A comédia escrachada do filme só funciona se reconhecermos que Patrick Bateman não é um modelo — é um clown de ternos caros, dançando no abismo do vazio existencial. E, como diria o próprio: Não sou eu. Isso não está acontecendo.” .
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Luz p’ra nós
Pesado mesmo é o livro kkkk. Luz p’ra nós
não conhecia a obra, Luz p’ra nós!
Não conheço esse filme, mas já vi muito meme com esse cara, nesse personagem.
Luz p’ra nós.
Luz pra nós
Luz pra nós.
Luz p’ra nós
É Legal !


Luz p’ra nós
Luz p’ra nós!
Ainda não assisti! Mas, me parece ser um filme único para quem curte um toque de comédia sombria e reflexão sobre a sociedade dos anos 80.
Não lembro de ter visto nada sobre! Gratidão pelo post!
Endeusam tanto esse filme na internet que dá preguiça só de ouvir o nome. Lpn
lembro desse ator pelo meme kk #luzpranos
Luz p’ra nós!
Luz p´ra nós