Um sangue criado em laboratório, que vai ajudar pacientes que precisam de transfusão. Essa é a proposta dos cientistas britânicos em um novo estudo, que acaba de ser testado pela primeira vez em humanos e teve resposta positiva.
O grupo cultivou glóbulos vermelhos humanos em laboratório em uma pesquisa inédita e conduziu um ensaio clínico para fornecer a pacientes necessitados, com tipos sanguíneos considerados raros.
“O potencial deste trabalho para beneficiar pacientes difíceis de transfundir é muito significativo […] “Esta pesquisa estabelece as bases para a fabricação de glóbulos vermelhos que podem ser usados com segurança para transfusão em pessoas com doenças como a anemia falciforme”, disse o Dr. Farrukh Shah, diretor médico de transfusão do NHS Blood and Transplant, responsável pela pesquisa.
Sangues raros
O novo sangue de laboratório abre portas para tratamentos de transfusão para pessoas com tipos sanguíneos ultra-raros.
Ele é produzido através da estimulação das células-tronco encontradas na amostra de um doador de sangue. Essa estimulação provoca o surgimento de mais glóbulos vermelhos e, posteriormente, ficam prontos para a transfusão.
Neste primeiro momento, os hospitais ainda precisarão de muitos doadores de sangue, como acontece atualmente. Essas doações continuarão sendo necessárias para os tipos sanguíneos A, B, O e AB.
Com o passar dos meses, a expectativa dos cientistas é que haja um banco individual de sangue criado em laboratório para que então possa ser utilizado em hospitais.
Resultados positivos
Nos primeiros testes em humanos, os voluntários receberam pequenas doses do sangue criado em laboratório contendo partículas radioativas. Dessa forma, os cientistas puderam rastrear quanto tempo o sangue permanece na corrente sanguínea dos pacientes.
Um glóbulo vermelho normalmente dura 120 dias. Depois disso, o corpo os substitui. Os glóbulos vermelhos doados normais contêm células mais jovens e mais velhas, mas como as transfusões feitas em laboratório conteriam apenas células novas, seria possível realizar transplantes menores e menos frequentes.
Qualquer um receberá a transfusão “especial”?
Mesmo com o sangue raro, neste primeiro momento não haverá transfusões do novo tipo de sangue para todos.
Somente pacientes em situações mais críticas e com os sangues super raros mais difíceis é que serão beneficiados.
Pacientes com certas doenças, como a anemia falciforme, por exemplo, que tenham os tipos sanguíneos ultra raros como o “Rh-nulo”, correm mais riscos de complicações e terão prioridade.
Agora, com os resultados positivos dos primeiros testes, os cientistas começaram a desenvolver o sangue em maior escala para testarem pacientes em outros graus de transfusão, como anêmicos, pessoas que sofreram hemorragia e outros casos mais “simples”.
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