Lula afirma que premiê da Itália solicitou prazo antes de aprovar acordo UE-Mercosul

Matheus Noleto Dezembro 18, 2025 3 min read

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta quinta-feira (18) que conversou por telefone com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, sobre o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Segundo Lula, Meloni não é contrária ao tratado, mas pediu mais tempo para convencer o setor agrícola italiano a apoiar a aprovação do pacto.

Durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o presidente disse que Meloni pediu paciência de “uma semana, de dez dias, de no máximo um mês” para viabilizar o apoio interno necessário por parte dos agricultores e representantes políticos na Itália. Lula afirmou que pretende levar essa proposta à reunião de líderes do Mercosul marcada para este fim de semana em Foz do Iguaçu (PR) para que os países do bloco decidam os próximos passos.

O acordo, negociado há mais de 25 anos, recebeu sinal verde político no ano passado, mas ainda não foi assinado devido à falta de aprovação formal pelos Estados-membros da UE e pela necessidade de uma maioria qualificada de votos no Conselho Europeu. A assinatura estava planejada para ocorrer durante a cúpula do Mercosul, mas a posição italiana — semelhante à da França, que também exige mais garantias para proteger o setor agrícola europeu — complicou os planos e contribuiu para a possibilidade de adiamento.

Contexto do impasse europeu

O premiê italiano havia dito recentemente que seria “prematuro” aprovar o acordo sem garantias adicionais para os agricultores e sem garantir que as medidas protecionistas e sanitárias fossem adequadamente explicadas e discutidas com o setor interno. Essa resistência de Roma se soma ao posicionamento de Paris, que reforçou a necessidade de salvaguardas antes que a UE proceda com a aprovação final da parceria comercial.

A assinatura do acordo representa um dos maiores tratados de livre comércio do mundo, abrangendo cerca de 780 milhões de pessoas e um enorme volume de comércio bilateral. No entanto, sem o apoio unânime dos países europeus, o pacto pode ter sua assinatura adiada para o início de 2026, o que foi indicado por fontes europeias após o pedido de Meloni e outras pressões internas nos governos da França e da Itália.

Repercussões para o Mercosul

Lula havia feito um alerta público de que o Brasil poderia desistir do acordo se ele não fosse concluído ainda em dezembro, ressaltando a importância estratégica e econômica do tratado para as exportações sul-americanas e a diversificação de mercados diante do cenário global de tarifas e pressões comerciais. Apesar dessa posição firme, o pedido de mais tempo por parte da Itália foi recebido como um sinal de que a aprovação ainda é possível com maior articulação política.

A decisão sobre aceitar a extensão do prazo será um dos pontos centrais do encontro de líderes do Mercosul neste fim de semana, no qual governantes regionais devem debater a continuidade do processo e eventuais ajustes diplomáticos para viabilizar o acordo com a UE.

Fonte: g1.globo.com

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