Desde o século XIV, todos os monarcas que ascenderam ao trono da Inglaterra nos últimos 700 anos, incluindo a rainha Elizabeth II, foram coroados na Cadeira da Coroação, encomendada por Eduardo I em meados de 1296. A rainha Maria II foi a única monarca coroada em uma cópia da cadeira.
A cerimônia de coroação britânica é considerada um marco na história da monarquia, visto que seu objetivo é sagrar e tornar oficial a ascensão do rei ou rainha ao trono através de várias tradições e protocolos tradicionais e religiosos antes do juramento formal de governar sua nação com sabedoria, honra e misericórdia.
Entre essa quantidade de regras, usar a Cadeira do rei Eduardo I, também conhecida como Cadeira de Santo Eduardo ou Trono da Coroação, é uma delas.
O repouso de um objeto sagrado
Quando o rei Eduardo I ordenou que fosse criada a Cadeira da Coroação, seu intuito era que ela escondesse a Pedra de Scone. Também chamada de Pedra do Destino, o objeto era considerado sagrado para o soberano escocês, mas suas origens são desconhecidas. De acordo com uma lenda, a pedra seria a mesma que Jacó usou como travesseiro, como descrito no livro Gênesis da Bíblia, onde sonhou com uma escada para o Paraíso.
Pesando 136 quilos e medindo 26 centímetros de comprimento por 16 de largura e 11 de altura, a Pedra de Scone teria sido transportada para o Egito e viajado para várias regiões até chegar na Irlanda, em algum momento de 700 a.C. Em 1296, após o tratado com a França assinado pelo rei John Balliol da Escócia, não fornecendo ajuda a Eduardo I em sua guerra contra os franceses, ele se voltou contra os escoceses e originou a famosa Batalha de Dunbar.
Após o triunfo britânico, Eduardo I pegou a Pedra de Scone da Abadia de Scone e a levou para a Abadia de Westminster, com a coroa e o cetro escoceses. A princípio, Eduardo I ordenou que a Cadeira da Coroação fosse feita de bronze, mas depois optou pela madeira, assim teria como posicionar sob o assento, em um espaço retangular, a Pedra de Scone.
Ao longo dos séculos de existência e história, a Cadeira da Coroação sofreu vários tipos de avarias, perdendo muito do seu esplendor inicial. O artesão que a confeccionou, Walter de Durham, a pintou com animais e folhagens; posicionou painéis de vidro coloridos com decorações douradas; e esculpiu os braços com a escultura de leões.
Tudo isso acabou sujo, desbotado, quebrado ou até mesmo pichado. Em algum momento de 1914, a cadeira foi danificada até por uma bomba, além de ser roubada na década de 1950. Só em 2010 que foi amplamente restaurada para preservar a soberania e detalhes originais.
A trajetória
Por muitos séculos, a Cadeira da Coroação permaneceu na Capela de São Eduardo, até que o local fosse fechado ao público, em 1997. No ano seguinte, a peça foi transferida para a Abadia de Westminster, mas hoje é mantida na Capela de São Jorge, ao lado do túmulo de Henrique V, de onde só é retirada para a cerimônia de coroação de um novo monarca.
Na próxima coroação no Reino Unido, que deve ser a do Príncipe William, a Escócia deve emprestar a Pedra de Scone para ser usada durante a cerimônia e “abençoar” a celebração. Em 1328, foi assinado o Tratado de Northampton, que reconheceu a independência da Escócia, e em que a Inglaterra garantiu devolver a Pedra de Scone.
Contudo, o abade da Abadia de Westminster se recusou a cumprir com o combinado, o que demorou até 1996 para que os britânicos fizessem o que havia acordado no tratado. A pedra foi transportada de trem até o Castelo de Edimburgo com uma escolta policial especial, em uma viagem que levou 6 horas.
Atualmente, a Pedra de Scone está em Perth, na Escócia, a poucos quilômetros de onde foi retirada séculos atrás, e sob proteção constante.
Fonte: Mega Curioso
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