Unicamp anuncia rompimento de convênio com instituto israelense

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) comunicou oficialmente, em 30 de setembro de 2025, a rescisão unilateral de um acordo de cooperação com o Instituto Tecnológico da Israel (Technion). Segundo a instituição, o rompimento se dá em resposta ao agravamento dos ataques na Faixa de Gaza e às “violações aos direitos humanos” cometidas contra a população palestina.

Motivo e posicionamento institucional

Em nota, o reitor Paulo Cesar Montagner afirmou que a situação em Gaza se deteriorou a tal ponto que “as violações aos direitos humanos e à dignidade da população palestina se transformaram em uma constante inaceitável”. Ele lembrou que a Unicamp já havia se manifestado anteriormente contra o conflito e que o novo passo reforça um alinhamento com o posicionamento oficial do governo brasileiro, que condena as ações israelenses na região.

A decisão foi divulgada durante sessão do Conselho Universitário (Consu). Estudantes haviam acampado nas proximidades da reitoria, aguardando votação de uma moção que pedia o término do convênio — moção essa que acabou não sendo votada após o anúncio do rompimento. Em uma das faculdades, já havia sido aprovada uma moção de repúdio que falava em “atrocidades” contra o povo palestino.

Aspectos do convênio e suas implicações

O convênio mantido entre a Unicamp e o instituto israelense previa atividades de cooperação em pesquisas, intercâmbio de estudantes e docentes e projetos acadêmicos conjuntos. Com o rompimento, essas trocas ficam suspensas ou encerradas, até que haja novo acordo ou reavaliação institucional.

Para alguns críticos, o ato representa uma universidade exercendo sua autonomia ética e de posicionamento, enquanto outros alertam para os impactos em pesquisas e internacionalização que podem resultar dessa decisão. A balanceada entre valores morais de uma instituição pública e suas responsabilidades acadêmicas deverá ser debatida nos próximos meses.

Repercussão e reações

No meio acadêmico e político, a decisão da Unicamp teve atenção imediata. Organizações estudantis, docentes e movimentos de direitos humanos celebraram o gesto como coerente com a defesa da dignidade humana. Já vozes contrárias questionam os efeitos práticos nas linhas de pesquisa, intercâmbios e projetos científicos futuros.

Também é relevante observar que outras universidades e instituições de ensino têm adotado posicionamentos similares em face do conflito — rompendo ou suspendendo acordos com entidades vinculadas a países envolvidos no conflito militar ou que têm protagonismo nas ações denunciadas.

Caminho à frente

Para que intercâmbios e projetos de cooperação sejam restabelecidos, seria necessário que novas tratativas sejam realizadas, com reavaliações da situação internacional e de ética institucional das duas partes. Além disso, a Unicamp precisará continuar dialogando com sua comunidade interna (estudantes, professores, técnicos) e com a opinião pública sobre os critérios para permitir ou rescindir convênios internacionais.

A universidade também deixa claro que seu posicionamento não é meramente simbólico: entende que instituições acadêmicas devem possuir uma postura ativa frente a violações de direitos humanos, além de que a paz e o respeito à vida servem de base para ciência, cooperação e educação.

Fonte: unicamp.br

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Matheus Noleto

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